(autoria desconhecida)
Ao iniciarmos nossos estudos na Arte, a primeira sensação que nos advém é de que estamos despertando para algo novo, mas na realidade estamos nos religando às antigas raízes pagãs, à verdadeira religião da natureza e da unidade, pois o nosso caminho é baseado na crença do Deus e da Deusa.
Algumas pessoas, inicialmente, sentem uma certa dificuldade em relação à conexão com a Deusa. Isto acontece, principalmente, por conta de toda a influência da sociedade patriarcal dominate durante milênios e às vezes é tão forte, que chega a causar medo e desconforto, tamanhos são os dogmas impregnados no ser.
A Deusa é a essência feminina que foi reprimida durante a cristianização, principalmente para controlar o poder sobre a criação, ou seja, sobre a nossa criatividade e, assim, restringir a nossa liberdade. Não estamos aqui nos referindo a Jesus que, no nosso modo de ver, foi um grande Mestre e, tampouco, ao feminismo.
A religião da Deusa, também é conhecida popularmente como: Bruxaria, Antiga Religião, Caminhos Antigos ou, simplesmente, Arte Antiga e que não se caracteriza como uma seita ou apenas uma filosofia de vida. É, acima de tudo, um caminho solitário de auto-aprimoramento, respeito à natureza, ao próximo e a si mesmo.
Devido ao preconceito e a falta de informação, muitas pessoas ainda confundem paganismo com 'feitiçaria ou magia negra'. Isso não é correto. E que fique bem claro: nossa religião nada tem a haver com satanismo, magia negra ou qualquer outra cor que queiram denominá-la!
Um dos ramos do paganismo mais divulgados atualmente é a Wicca, idealizada por Gerald Gardner. A palavra 'wicca' é um termo moderno e eclético, que provavelmente vem do inglês arcaico 'wicce' e quer dizer 'bruxo' ou do saxão 'wich' que significa: girar, dobrar ou moldar. Enfim, podemos encontrar várias definições para a mesma palavra, assim como várias tradições, mas, o que realmente importa é saber que as origens pagãs remontam à aurora da humanidade e estão intimamente ligadas aos ciclos naturais.
Em hipótese alguma podemos dizer que a Wicca é celta, pois ela reúne várias influências de outros panteões, além de trabalhar princípios herméticos e ter uma ritualística própria. Mesmo assim, merece todo respeito como um ramo pagão da Grande Mãe, bem como as demais religiões, sejam elas quais forem.
A maioria das lendas e dos mitos celtas nos revelam a existência do Outro Mundo, oculto entre colinas, lagos, rios, névoas e bosques sagrados. Avalon é uma lenda, que através da ficção de Marion Zimmer nos leva aos textos de Mabinogion, Geoffrey de Monmouth, além dos contos mitológicos do Ciclo de Ulster e a Viagem de Mael Duin ou a Jornada de Melduin e os Immramas Sagrados, preservando assim todo o conhecimento ancestral deste povo.
Os celtas, assim como todos os povos antigos da história, viam os ciclos da natureza e a própria fertilidade num único contexto divino, respeitando-a como um Todo, por isso cultuavam suas deidades ao ar livre. É fato que muitos povos da antiguidade praticavam sacrifícios humanos e várias atrocidades em nome de Deus e, infelizmente, muitas culturas ainda praticam até os dias de hoje estes atos irracionais.
Todavia, não devemos confundir a história com os nossos princípios pela busca da espiritualidade Maior, pois a nossa religiosidade não está apenas comprovada em fatos arqueológicos que, neste caso, servem para reforçar ainda mais que as religiões politeístas buscam equilibrar as energias da natureza da Deusa e do Deus dentro de nós, dando-nos a esperança de viver num mundo melhor e mais justo.
Ressaltando que, do ponto de vista da história das religiões, existem apenas três religiões monoteístas: o islamismo, o judaísmo e o cristianismo. Sendo assim, todas as demais religiões da pré-história, até a atualidade, são conhecidas como politeístas.
As crenças pagãs começaram a tomar forma na era paleolítica, aproximadamente há vinte e cinco mil anos atrás. Neste período, o ser humano era nômade, suas fontes de subsistência eram a caça e a colheita. Além do mais, tudo era muito misterioso e assustador naquela época, como: o trovão, o sol, a lua e a escuridão.
Para eles, o mundo era um lugar cheio de grandes perigos e forças estranhas, que deveriam ser temidas, respeitadas e reverenciadas. Com o tempo, o conceito dessas forças foi evoluindo para a idealização dos Deuses. Um dos primeiros e, o mais importante Deus primitivo, foi o Deus de Chifres, onde formou-se na mente do homem antigo, a ideia de um Deus da Caça com chifres, simbolizando a força e o poder.
Mas não era apenas de caçadas que o clã sobrevivia, havia o grande mistério da fertilidade. As tribos precisavam perpetuar a espécie e de tempos em tempos, a barriga das mulheres crescia e, no final de algumas luas, surgia mais um novo membro para a tribo. No inicio frágil e pequeno, mas com o passar dos meses crescia, tornando-se grande e forte, dando garantia e continuidade às futuras gerações.
A mulher era a chave de todo esse mistério, um ser enigmático, que além de sangrar todo mês, sem que viesse a falecer, era a responsável pela continuação do clã e também pela alimentação dos filhos, com leite do seu próprio corpo.
A partir dessa observação, surge então a Deusa da Fertilidade, dando origem as várias esculturas de figuras pré-históricas, como a famosa escultura de Vênus de Willendorf, destacando-se pelos seios enormes, o ventre volumoso e a vulva protuberante.
A Deusa é a grande fonte criadora de toda a vida e, com o tempo, os homens foram se conscientizando também do seu aspecto divino, junto aos atributos fertilizadores do Deus Chifrudo, erroneamente comparado ao 'diabo' na visão judaico-cristã. Enfim, a Deusa e o Deus são complementos daquilo que nunca deveria ter sido separado. Bênçãos plenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário