Retirado do livro de John Lindow: Norse Mythology – A Guide to the Gods, Heroes, Rituals and Beliefs.
Tradução livre para o português por Geirrídr Odinsdottir.
Esposa de Njörd, filha de Thjazi e uma giganta por nascimento, mas que ainda é considerada como um membro dos Aesir.
Skadi é mencionada como filha do gigante Thjazi em várias fontes, incluindo o Grimnismal, estrofe 11, e Hyndluljod,estrofe 31 (parte do “Pequeno Voluspa”). Em cada uma dessas estrofes Thjazi é especificamente identificado com um gigante. No Grimnismal é dito que Skadi habitava o Thrymheim, na velha casa de seu pai. As circunstâncias do casamento de Skadi com Njord, um dos principais Vanir, é contado por Snorri. No Skaldskaparmal ele conta como o casamento aconteceu em primeiro lugar. Após raptar Idunn, Thjazi é morto pelos Aesir durante a sua recuperação. Aparentemente ele não tem nenhum parente do sexo masculino para procurar pela indenização, por isso Skadi age nesse papel.
E Skadi, a filha do gigante Thjazi, pegou o capacete e a armadura e todas as armas de guerra e foi para Asgard para vingar a morte de seu pai, mas os Aesir ofereceram a ela resolução e compensação, e a primeira [parte] foi que ela deveria escolher um marido para ela e escolher olhando para as partes inferiores das pernas e não ver mais que isso. Então ela viu pernas extremamente atraentes de um homem e disse, “Eu escolho este, pois as pernas de Baldr não podem ser um pouco feias”. Mas este era Njord de Noatun. Ela também havia pedido para que os Aesir a fizessem rir. Então, Loki amarrou uma corda no rabo de uma cabra e a outra extremidade em torno dos seus testículos, e eles então foram puxados e cada um gritou bem alto, então Loki caiu no colo de Skadi; e ela riu. E assim as condições do acordo com ela foram cumpridas pelos Aesir.
Frey também é casado com uma giganta, Gerd, e embora outros deuses fossem pais de crianças com gigantas, esses são os dois únicos casamentos de deuses com gigantas. Afigura-se assim, como Margaret Clunies Ross mostrou, que por causa de seu menor nível hierárquico, os Vanir não podem escolher esposas entre os Aesir e assim deve-se casar com gigantas. Mas a situação é um pouco estranha com Njord, uma vez que não foi ele quem escolheu, mas foi o escolhido. Parecem que os deuses enganaram Skadi de alguma forma, mas nosso entendimento de concurso de beleza pelas pernas é imperfeito. Baldr é um deus jovem e bonito; Njord é neste ponto um homem velho pela mitologia presente. (Uma nota sobre “pernas”: A palavra usada refere-se ambos para pés e canelas; pé, tornozelo, panturrilha e correndo até o joelho, já que a palavra em questão, fotr, é aparentada com a nossa palavra pé (inglês: foot), que é a tradução que frequentemente se vê).
A brincadeira de Loki com a cabra desempenha claramente o tema da castração, e fazer a deusa rir pode ter algumas associações com ritual. Entretanto, Loki e Skadi têm um relacionamento especial nesse caso. Snorri na Gylfaginning e na Prosa Lokasenna concorda que quando Loki foi preso, foi Skadi quem colocou uma serpente venenosa acima de seu rosto, cujo veneno Sigyn capturava num pote. Quando Sigyn se retirava para esvaziar o pote, o veneno pingava sobre ele e causava suas contorções tectônicas. E na Lokasenna, estrofes 49-52, Loki e Skadi se envolvem numa troca raivosa, onde ele diz que não somente ele a seduziu (ele diz isso sobre todas as deusas), mas também que foi ele quem liderou quando seu pai foi morto.
O casamento entre Skadi e Njord fracassou. Na Gulfaginning Snorri diz que Skadi desejava viver na casa de seu pai nas montanhas, enquanto Njord desejava viver no mar. Eles se comprometeram ficarem nove dias em cada lugar, mas o acordo não funcionou. Snorri cita dois versos, onde é dito por cada um sobre as desvantagens da casa do outro, e estes estão, presumivelmente, perdidos no poema éddico. Ele termina a discussão dizendo-nos um pouco mais sobre Skadi: E então Skadi foi para as montanhas e vive em Thrymheim, e ela vai longe sobre o esqui com um arco e flecha e caça. Ela é chamada Deusa da Neve ou Dis da Neve.
O conceito de Skadi como Dis da Neve é desconhecido nas fontes narrativas, mas não é raro que ela tem esse cognome nas Poesias Skaldicas. Na Lokasenna, estrofe 51, ela se refere aos seus lugares de culto, e há nomes de lugares que verificam a adoração de Skadi, especialmente na Suécia. Visto que Ull é também chamado de Deus da Neve e parece ter sido popular na Suécia, alguns estudiosos têm visto uma conexão especial entre os dois. Mas há uma conexão Norueguesa de acordo com a Ynglinga Saga, no qual é dito que depois de seu casamento com Njord, Skadi teve vários filhos com Odin, os antepassados dos Jarls Hladir. Não se sabe se ela é mãe de Freyr e Freyja. Na Prosa Skirnismal , quando Frey está doente, Njord pede para Skadi falar com ele, de acordo com esta tradição, então ela fala na primeira estrofe do poema, pedindo para Skirnir intervir. Snorri, também, apenas seguindo a descrição do casamento fracassado de Njord e Skadi, diz que Njord gerou Frey e Freyja “depois”. Mas na Ynglinga Saga, Frey está entre os reféns trocados no final da guerra entre os Aesir e Vanir, e lá implica fortemente que Frey e Freyja são os descendentes de um casamento entre Njord e sua irmã.
Veja também: Guerra Asir-Vanir, Loki; Thjazi, Vanir
Referências e leituras adicionais: As circunstâncias que levaram ao casamento de Skadi e Njord são discutidas por Margaret Clunies Ross, “Why Skaƒi Laughed: Comic Seriousness in an Old Norse Mythic Narrative,” Maal og minne,1989: 1–14, e John Lindow, “Loki and Skaƒi,” na Snorrastefna: 25.–27. juli 1990, ed. Ulfar Bragason, Rit Stofnunar Sigurƒar Nordals, 1 (Reykjavik: Stofnun Sigurƒar Nordals, 1992), 130–142. Hjalmar Lindroth, “En nordisk gudagestalt i ny belysning genom ortnamn,” Antikvarisk tidskrift for Sverige 20 (1915), and Franz Rolf Schroder, Untersuchungen zur germanischen und vergleichenden Religionsgeschichte, vol. 2: Skadi und die Gotter Skandinaviens (Tubingen: C. B. Mohr, 1941), são os mais importantes que tratam do possível pano de fundo para culto.
Extraído de wodangang
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