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24 de nov. de 2012

A Função do Deus no Paganismo

Autoria: Samildanach

Ainda que um tema muito falado entre os pagãos, sobretudo os homens, ainda se descortina à nossa frente perguntas sobre qual a função do Deus no Paganismo. Buscarei tentar refletir um pouco sobre como o Deus se apresenta dentro dos cultos pagãos. Ainda que a minha experiência seja com a prática wiccaniana, tenho certeza que em alguns outros níveis do paganismo a experiência pode ser observada de maneira análoga.

A maioria das publicações sobre Wicca disponíveis têm um senso comum sobre o Deus: o Consorte da Deusa. Sem dúvidas, ele o é, e na sua união com a Deusa se encontra o grande mistério da criação universal, onde as formas complementares do masculino e do feminino possibilita a geração da vida, mas às vezes pensamentos como este pode levar a interpretação de que o Deus é uma figura preterível na prática ritual pagã. O culto ao Deus sempre esteve presente, de forma que, em alguns momentos, teve grande importância, em algumas civilizações. Seu poder era o poder da vida que se manifesta ininterruptamente.

Se observarmos a Roda do Ano, o Deus se apresenta, a cada Sabbat, como centro de uma mensagem a cada um dos cultuadores, sendo ele o símbolo da vida que nasce, cresce, vive, amadurece e morre, e no morrer, renasce.

No Yule, ele é a promessa do Sol que retorna trazendo o calor à Terra envolta pela aura de morte, pelo gélido véu do inverno que abate a natureza, mas que ao passar o Solstício se torna o Filho da Deusa, parido na Noite mais escura do ano, negra como o Universo, o grande útero donde tudo advém, o Caldeirão onde a vida é dada e renovada ao girar da Roda do Ano. No hiato deixado pelos dias em que o astro rei se ocultava, os antigos clamavam pelo retorno dele, e seu nascimento era sinal de que a vida persistia, dormente.

No Regaço da Deusa, em seu aspecto maternal, ele é alimentado, envolvido em leite. Imbolc celebra o pequeno Deus, em sua face infantil, promessa do calor que retorna. A natureza insiste em renascer, e em meio à neve que ainda existe as primeiras plantas quebram o gelo. É o sonho do impossível que começa a se realizar na natureza. Ao nosso entorno, a lactação dos animais iniciavam e tochas eram acesas para purificar os campos, finalizando o tempo da escassez.

A Deusa rejuvenesce e o Deus se torna um jovem imberbe ao florescer da terra em Ostara. Ele é o belo mancebo que passeia pelos bosques floridos e encontra a jovem Deusa, e em seus corações é despertado um amor de forma pura, ao mirar nos olhos do ser amado. A Beleza e a juventude exulta por toda parte e a virilidade do Deus começa a transparecer nos seres vivos, reflexos da divindade da qual eles fazem parte.

Ao calor dos fogos acesos para celebrar a plenitude da natureza que desabrocha, em Beltane o Deus é o Jovem Gamo, aquele que corre em total liberdade pelos campos, liberdade essa na qual ele encontra a Deusa, agora não mais sua mãe, mas sua companheira, sua amante, jovem e bela, plena de fertilidade. Ele é o cornífero, adornado de chifres, símbolos da virilidade e do poder que ele representa, que une-se à Deusa, e deposita no ventre Dela a sua semente. Essa união é o momento da completude criadora, tão misteriosa e tão bela, onde são resguardados os mistérios antigos. Ele é a fagulha lançada ao ventre da Mãe que tudo gera. É a força propulsora de existências.

No apogeu do Sol, que marca também o início da sua jornada para o outro mundo, encontramos o Deus com a Face do jovem homem, aquele que rege, governa, que prepara a terra para a sua descendência. Ele é aquele que espera o grão crescer, já que sua semente boa é promessa de colheita farta, mesa próspera, ainda que o grão não tenha, ainda, amadurecido. Ele é o calor que aninha os animais, que fertiliza a terra, que traz ânimo às pessoas. Ele é quem ilumina, esclarece, tira das sombras e do desconhecimento a todo o oculto, empodera com magia a natureza e os indivíduos. Senhor de Litha, Ele brilha e faz amarelecer o trigo a ser ceifado tão prontamente.

Na massa dos pães, no grão pisado, o Deus se torna o senhor dos campos semeados. Lammas celebra os primeiros frutos da Terra, a colheita que primeiro vingou. Ele é o homem maduro, que observa os frutos de sua vida. Desobriga-se de fertilizar, se encarrega de colher. É o momento do Deus se doar em forma de sustento aos seus filhos. Simbólica e ritualmente, isto se perpetuou na tradição dos Homens de Vime, queimados em forma de oferenda propiciatória às divindades. Ele doa-se, e neste ato se perpetua, através do grão plantado, morto e renascido.

Mabon mostra o segredo da vida na eterna espiral dupla: Vida e Morte. Uma conduz à outra, uma se carrega de significado na sua contraparte, se sucedendo e assim perpetuando o ciclo sem início nem fim. É o momento de ser grato por toda uma jornada. O Deus é maduro, entrando na ancianidade, seu corpo já pende de cansaço por todas as empresas levadas à cabo. É o tempo de agradecer, de mirar a Cornucópia como um símbolo de finitude. Do seu interior, ao passo que jorra a fartura e os produtos do trabalho de cada ser, se vislumbra a escuridão que irá nos abraçar, escuridão esta para onde parte o Deus.

É o cair das folhas, o resfriar do tempo, o silenciar da natureza. No hibernar dos animais, no esconder-se do verde, no acinzentar do tempo, o Deus parte para a Terra do Eterno Verão. A escassez apavora, e a vida começa a minorar. Os últimos frutos são colhidos, e junto com eles, a colheita do Sangue. Embutidos e conservas são preparados a partir do que não sobreviveria muito, enquanto os resquícios mais resistentes da natureza permanecem vivos como perspectiva de um novo verão. Nisto, o Deus doa a sua vida por amor a Terra, e mitologicamente passa a ser a morte do Gamo Rei, que para não trazer desgraça ao seu povo e à sua terra, cede lugar a outro que possa abençoá-la com fertilidade e Juventude. Ele se aninha no ventre da Deusa no Samhain, e espera, pacientemente, que um novo tempo sobrevenha, e torne-o, mais uma vez, promessa de vida.

Perceber a importância do Deus dentro do paganismo está para além da Roda do Ano. Essa importância pode ser observada nos Ritos de Passagem, na Prática Mágica, nos mistérios, e até mesmo no nosso cotidiano, quando sabemos lançar olhar sobre as coisas e observar o sagrado oculto no profano. Extrair do ordinário o fenômeno é algo que se aprende aos poucos, na vivência com o Sagrado Masculino, que integra o Sagrado de forma mais completa. Veremos isto logo a seguir.

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Adendo (comentário): Não é em toda Tradição que Deus fica do lado direito do altar. Entre os alexandrinos, por exemplo, Deus fica no lado esquerdo, porque ele governa a parte escura da Roda do ano. A visão de Deus no lado direito, e todas as suas implicações, se tornou popular porque é praticamente a única veiculada nos meios wiccanos brasileiros de grande repercussão. Isso acontece porque, infelizmente, ainda temos um problema de "monopólio Wicca" em nosso país, que acaba impondo certas visões particulares a uma grande gama de pessoas, como se fosse a única, ou a mais "correta". Aconselho que você leia o livro "Ritos e mistérios do Wicca", de um escritor português chamado Gilberto Lascariz. É um material bem acessível e que possui muitas informações sobre o Deus, para além de uma visão exclusivista e cada vez mais repetida de blog em blog sobre Deus. BB. Mark

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O Deus se manifesta de diversas formas. Fazendo-se presente em todos os momentos, não apenas nos momentos de poder da Roda do Ano, ele permeia toda a ritualística e a vida dos que se propõem trilhar os caminhos dos antigos.

Ele, a cada Esbat, quando celebramos a Deusa, é aquele que se ajoelha frente ao luar, e imbuído do poder que tem, invoca que a Senhora da Roda Prateada esteja sobre seus filhos, ajudando-os com seu poder. É ele que entoa o cântico de amor e conduz a Deusa em sua dança sagrada pelo céu. Seus passos levam a Deusa a bailar, enquanto Ela espalha o pó das estrelas, conferindo poder mágico e luz aos que buscam os mistérios pela arcana noite.

Ele também é a própria Lua. Convencionou-se dizer que a Lua é um símbolo exclusivamente feminino, ao passo que o Sol é exclusivamente masculino. Mas assim como podemos observar divindades femininas ligadas ao Sol (Como as Deusas Grian, Grainne, Amaterasu, Sigel e outras), existem Deuses ligados ao Poder Lunar e seus mistérios, como Gwydion, Chandra, Thoth, Mani e outros tantos das mais diversas culturas. Relembramos que as sociedades de outrora ligavam o luar à concepção, e assim a Lua, a priori, foi tida como um Deus, um fecundador. A lua está também ligada ao tempo. Os babilônicos tiveram um dos mais importantes calendários, sendo ele lunar, o qual teria sido feito por Sin, Deus da Lua, Sabedoria e Proteção contra os inimigos.

Aos que escolheram trilhar a senda do sacerdócio, o Deus é aquele que nos toma pela mão, e guia-nos pela noite escura da alma. Ele é aquele que abre as moradas secretas do nosso ser, que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos, e encarar aquilo que mais tememos, ou que menos aceitamos. Ele é aquele que mostra as feridas abertas e faz-nos buscar saná-las por nós mesmos, como um guerreiro solitário. Ele nos incentiva e nos mostra como tratar das dores mais agudas, as mazelas mais profundas, buscando a cura mais eficaz. É ele que nos conduz ao submundo e dele nos faz emergir. Ao fim, ele nos capacita e faz com que, tal qual nos campos de batalha, tenhamos compaixão, amor, amizade, companheirismo, confiança e disposição para ajudar na cura dos companheiros de caminho, feridos pelas armadilhas e percursos do viver.

Ele se posta nos umbrais do mundo entre os mundos, nos desafia a se entregar totalmente ao caminho que não tem volta, nos prova como a lâmina provada no fogo. É ele quem nos aponta o fio mortal na hora da resposta mais importante, do passo mais relevante, no voto indissolúvel. Ao dar a resposta, é ele também quem nos entroniza, ou não, em seu círculo de força e magia, poder e alegria, amor e confiança. Mostrar a responsabilidade, apontar os caminhos, apresentar os perigos são atribuições dele, como também conscientizar-nos de nosso poder pessoal, incentivar-nos em nossas buscas, lembrarmo-nos do respeito que devemos a nós mesmos e ao outro.

Na sexualidade, ele é exemplo de uma vida plena e sadia. Ele é livre, e sua liberdade permite encarar sua vida sexual como algo que está entranhado no seu cotidiano. Não existe motivos para vergonha de seu corpo, não existe reserva para com a pessoa que ele escolhe para ter seus momentos de prazer, e não existe culpa no prazer desfrutado, pois ele compreende que todo ato de amor e prazer são rituais. Ensina isso aos seus filhos, mostrando que a diversidade de corpos, cores, opiniões e opções são algumas das muitas faces que resguarda a divindade. O desnudar-se é mais que meramente o livrar-se das roupas, é o ato de auto aceitação que nos faz nos religar ao Eu Superior que em nós habita.

Aos garotos, ele é o pai que ensina, que é companheiro, que compreende, que ama. Ele não é o homem que meramente participou da sua geração, que por convenções sociais e pressões de gênero o relega aos cuidados da mãe, deixando uma lacuna sentimental em seu ser. Ele é aquele que estabelece leis, parâmetros, que ensina, que o ajuda a transpor obstáculos, que o desafia frente às dificuldades, buscando que ele possa ser submetido a verdadeiros ritos de passagem, que o eleve a uma nova condição, que o coloque na condição de homem. Ele nos abraça quando temos frios, nos acarinha quanto estamos tristes, nos protege quando estamos indefesos, nos beija quando precisamos de amor, e nada disso diminui nossa masculinidade, seja qual for a nossa idade.

Às garotas, ele é o que protege, mas que também sabe que uma proteção exacerbada é opressora, diminuidora, tolhedora de liberdades. O Deus sabe que a Deusa tem a sua individualidade, e é sábia o suficiente para todos os assuntos. Para homens sagrados, o Deus tem como papel ser um espelho no qual possamos exercer nosso sacerdócio de forma digna e honrada, uma masculinidade respeitosa e libertadora, sendo instrumento de liberdade para si e para as mulheres que conosco vivem. O Deus conduz os passos que a Deusa em liberdade cria.

Honre a divindade que vive em você, dando preferência à abordagem prática, cotidiana dela. Traga o Deus para uma convivência íntima e ininterrupta consigo todos os dias. Você também pode querer erigir um altar para ele, como forma de fazer um instrumento de conexão constante, um local de encontro permanente com Ele. Irei sugerir uma forma simples de fazê-lo:

Você pode escolher um local. Você pode ter uma pequena prateleira, uma mesa de centro, sua mesa de cabeceira, e escolhê-la para ser o altar consagrado ao Deus. Siga a sua intuição. Use uma toalha de cor branca, uma vela de cor branca, verde, marrom ou laranja, ou da cor de uma divindade preferida. Você pode adicionar uma imagem ou estátua comprada ou confeccionada por você mesmo de seu Deus preferido ou de culto pessoal. Adicione outros símbolos, tais como Pedras pontudas, Bastões, Adagas, Chifres, símbolos solares e de animais tais como touros, cervos, águias. Penas de Falcão são ótimas também para enfeitar o altar. Coloque uma tigela para oferendas também. Se você não dispõe de um espaço a mais para criar um local particular de adoração ao Deus, você pode colocar as mesmas coisas À Direita do Altar que você já fez em casa, dando mais atenção ao espaço sagrado do Deus no seu altar.

Monte o seu altar da forma desejada, e todos os dias saúde o seu altar com uma pequena oração ao Deus e faça oferendas periódicas, como de incensos (Cedro, Canela, Girassol, Musgo de Carvalho), bebidas (Como cerveja, vinho, leite, água) e comidas (Pães, Grãos, de preferência algo feito por você). Deixe um dia, e depois oferte à natureza, enterrando em um lugar arborizado, ou se não, em um vaso de planta.

Tome um óleo perfumado (De preferência Almíscar, Cedro, Cravo ou Junípero, ou uma combinação deles) e o consagre para que você possa se ungir e abençoar com ele. Pelo menos uma vez por semana, tire um momento do dia para meditar um pouco com Deus. Faça um rito de conexão com ele, buscando conversar, e ao fim, abençoe-se com o óleo, ungindo o Chacra do Terceiro Olho, Laríngeo, Cardíaco, Sexual e o seu falo.

Agradeço nesta postagem especialmente ao Bruno Herzog, pela sugestão dada em uma de nossas conversas sobre Masculinidade Sagrada, na qual ele se questionava e acabou me incentivando a escrever algo que viesse a refletir sobre o papel do Deus dentro do Paganismo, de forma mais completa possível. Sei que ficaram lacunas, o que é de se esperar, mas espero que este texto seja o ensejo para que possamos refletir e vivenciar de forma mais efetiva o Deus.

Bênçãos do Senhor que Suscita a Vida!

textos e fotos vem daqui: http://alemdofalo.blogspot.com.br/2012_01_01_archive.html

Um comentário:

  1. Hola, Cordial Saludo:
    Vi su tema sobre A Função do Deus no Paganismo y la pregunta que me viene a cuento es la siguiente:
    La deidad Diosa a la que se hace referencia en la Tradición Indoeuropea Nórdica
    Conocida como Paganismo o WICCA, es la misma IYÁMI OSORONGÁ, con el solo nombre de Diosa Madre o Ehacte para algunos
    Agradezco de antemano su respuesta
    Gracias www.osanyin.mex.tl

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