Texto: Lara Moncay
Ori é o deus portador da individualidade de cada ser humano. Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é.
Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o enterro, Ori é conhecido como aquele que pode fazer a grande viagem sem retorno, pois os outros orixás, mesmo quando morrem seus filhos, são libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (céu, ou mundo exterior).
Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é justamente o ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se transforme em um mero espelho do orixá. À cerimônia de equilíbrio do Ori dá-se o nome de Bori (bo = comer, ori = cabeça => dar comida para a cabeça, fortalecê-la).
Um dos mitos sobre Ori diz que ele pode depois de enterrado voltar ao orum, levado por Nanã ou Ewá.
Diz este mito que um dia Ori percebeu que era o momento de nascer outra vez e foi falar com Olorum, o Universo, solicitando permissão para nascer na mesma família em que havia nascido antes. Olorum permitiu, com a condição de que apenas ele, Olorum, pudesse conhecer o dia de sua morte, sem que Ori pudesse opinar sobre esta questão. E que o destino de Ori só pudesse ser mudado quando Ifá fosse consultado".
Este orixá não tem características estéticas, pois não incorpora. Apenas é cultuado juntamente com os orixás, possuindo um número no jogo de búzios onde "fala".
A quizila de Ori é a mentira.
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