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8 de nov. de 2011

Deus Dionísio

Uma das minhas músicas favoritas do Chico Buarque é Vai Passar. Ela fala sobre a classe mais oprimida e explorada da população, da sua história, do sofrimento de seus ancestrais que, ao romper os grilhões da escravidão explícita, jogaram-se nas redes da escravidão velada do trabalho assalariado e que em "um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia que se chamava carnaval."

E o carnaval, o "sanatório geral", teve sua origem nos idos da antiguidade. Eram as festas em honra ao Deus Dionísio (que na cultura romana tem um "similar", um Deus que supostamente teria as mesmas características chamado Baco). Os livros da "História oficial", aquela que aprendemos na escola, apresentam Dionísio como o Deus do Vinho. O culto desse Deus, entretanto, possui uma relação muito grande com a transformação que a sociedade grega vinha sofrendo, quando as tribos iam sendo transformadas em parte de um Estado, a famosa "democracia" grega. Existe um texto ótimo que li uma vez na casa de um amigo (Se não me engano é o Bertolt Brecht, mas não tenho certeza) que fala sobre a relação entre as festas em honra a Dionísio e Apolo e essa transformação. Dionísio era o Deus "do povo", representava a agricultura, a Natureza, uma espécie de aspecto livre e indomável do ser humano que colocava em risco a organização de uma sociedade onde o poder e a riqueza eram "verticalizados" (hierarquizados, concentrados, resumindo, uma sociedade injusta). Assim, criaram-se as festas em honra a Apolo, que aparentemente eram semelhantes as dionisíacas, mas com diferenças imperceptíveis que puderam, ao longo dos anos, "domar" os povos mais resistentes. Uma dessas diferenças era o fato de a festa ser na cidade, o que possibilitava um maior controle sobre as pessoas e firmava a ideia de centralização.

O principal marco dessa "troca de festas e divindades" talvez seja o desarraigamento do ser humano de sua Mãe Terra. O ser humano passa a não mais compreender-se como parte da Natureza e esse é um elemento fundamental para a centralização do poder político e econômico.

O estudo das escolas literárias também nos apresenta uma relação de antagonismo entre Dionísio e Apolo. Segundo Nietzsche, a visão apolínea caracteriza-se pela ênfase em uma postura objetiva, racional, analítica, fundamentada no real. Por outro lado, a visão dionisíaca é caracterizada por uma postura emocional, subjetiva e idealista.

Dionísio, portanto, é o Deus não apenas das festas, do vinho, das grandes celebrações caracterizadas por "orgias" e "bebedeiras". É, sim, tudo isso, mas com o sentido de libertação do ser humano. Libertação esta que vem da própria Natureza humana de animal com desejos, impulsos, sentimentos e que acaba sendo aprisionada em "regras de conduta social". 

É o Deus da loucura porque louco é aquele indivíduo incapaz de adequar-se ao modelo de conduta que lhe é imposto (ou é capaz, mas não o faz por vontade própria). É o Deus da resistência popular porque em um época em que a sociedade matriarcal, baseada em relações estabelecidas pela "ordem natural" do ambiente também natural (observada na agricultura, nas estrelas nas estações do ano, na reprodução dos animais, etc.) transformava-se em uma sociedade baseada na propriedade privada e na organização hierárquica, seus cultos representavam a negação da segunda em defesa da primeira.

A Balada do Louco representa muito bem o antagonismo existente entre o indivíduo dionisíaco, que não se atém às regras sociais de conduta e o indivíduo apolíneo centrado e sua busca por manter-se na sociedade (através do comportamento e das posses, que dizem muito sobre os indivíduos na nossa sociedade). Observem que "pensar que Deus sou eu" é uma negação a uma estrutura hierárquica em que existe um Deus (único e macho) que domina a todos (no caso da Grécia antiga, Zeus ocupava esse "cargo". Ainda que fossem politeístas, a ideia de hierarquia já era imposta sobre as Deusas e os Deuses.)

fonte do texto e fotos: http://grandetemplodeusasedeuses.blogspot.com/search/label/-%20Grega

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