No Egito as pessoas deixam lamparinas acessas nos túmulos em homenagem aos familiares falecidos.
Vamos conhecer um pouco de Arqueologia e sobre o Deus da Morte e Ressurreição:
Sokar foi um dos mais antigos deuses do Egito antigo. Ele presidia a morte e a ressurreição, assim como a escuridão do túmulo em que o morto repousava. Sokar era geralmente representado como uma deidade com cabeça de falcão, tanto sentado em um trono como enfaixado como uma múmia. Ele era o guardião da necrópole que servia à antiga cidade de Memphis e, em particular, à zona de Rostau, a Gizé antiga onde outrora se encontrava um santuário de Sokar, conhecido como Shetayet. Embora a localização desse santuário nunca tenha sido determinada, alguns egiptólogos acreditam que estava localizado nas proximidades de Gebel Ghibli, em cujo sopé se encontra o poço “Beer es-Samman”. Sokar foi identificado com o líder mítico dos textos Edfu, conhecido como O Falcão, cujos precursores, Os Primordiais, foram responsáveis pela construção de primeiro templo do Egito, às margens do lago que continha a ilha sagrada de criação.
O maior rival de Sokar, até mesmo à época da construção das pirâmides, era Osíris, o deus da morte e da ressurreição. Seu culto absorveu os atributos e locais de culto do deus falcão, até Sokar acabar tornando-se apenas Sokar-Osíris ou, até mesmo, Ptah-Sokar-Osíris. Ptah era o deus criador de Memphis, cujo culto também absorveu o de Sokar. Apesar de Osíris muito provavelmente ter se originado apenas como um deus da vegetação do Delta do Nilo associado aos ciclos de regeneração, ele rapidamente usurpou o papel de Sokar como “Senhor do Rotau”. Até mesmo o Shetayet, o santuário perdido de Sokar, transformou-se no “Túmulo de Osíris”.
Entretanto, um lugar em que Sokar ainda continuou governando foi o Duat, o Submundo da Alma egípcio, ou Mundo do Além, visto tanto como um reino físico debaixo da terra, como uma região do céu noturno associada ao pós-vida egípcio. Textos funerários antigos, especificamente o Am-Duat, o “Livro do que está no Submundo”, gravado em papiros funerários e nas paredes de túmulos do período do Império Novo, falam de Sokar como o governante do reino subterrâneo de Rostau. O falecido faraó, na forma de deus-sol, teria de navegar através do Duat a fim de alcançar a vida após a morte entre as estrelas.
Os antigos egípcios acreditavam que as provações e tribulações que a alma do faraó morto teria de enfrentar em sua viagem através da escuridão do Submundo, eram reflexos da jornada do sol durante as horas da noite. Acreditava-se que o sol em sua órbita entrasse no Duat-Submundo ao pôr-do-sol e que viajasse através de um túnel imaginário por debaixo da terra, antes de emergir novamente ao alvorecer, no horizonte leste. Pensava-se que esse estranho reino catatônico fosse habitado por uma multidão de serpentes, demônios e espíritos, e que fosse dividido em doze “Horas”, refletindo, assim, a passagem da alma do defunto pelas horas da madrugada.
Aparência da Quinta Hora do Duat no texto do Am-Duat. Observe Sokar em pé sobre uma serpente em uma ilha de forma oval, debaixo de uma colina coroada pela cabeça da deusa Ísis (Copyright da imagem: Andrew Collins, 2009).
Sokar em uma mortalha no monte da criação. O sol aparece no meio de sua jornada de doze horas através do Duat, entre as Horas de Quinta e Sétima, conforme se infere dos doze passos da colina-pirâmide (Copyright da imagem: Andrew Collins, 2009).
Horas Quarta e Quinta do Duat, que ocorriam quando o faraó, como deus-sol, aproximava-se da meia-noite, eram o domínio da Sokar. Elas ostentavam, ainda, os títulos de “Casa de Sokar”, “Terra de Sekri” (outra forma do nome Sokar) e, mais significativamente, Rostau, ou seja, Gizé. Tão diferentes das outras dez Horas eram as descrições da navegação dos falecidos através das Horas Quarta e Quinta do Duat que o egiptólogo egípcio Selim Hassan (1893-1961) escreveu que elas deviam ser aquisições provenientes de uma tradição separada que tratava exclusivamente do submundo de Gizé-Rostau. Hassan escreveu que uma representação física do Duat-Submundo pode ter existido em Gizé, já que as representações das Horas Quarta e Quinta pareciam refletir a maneira como o platô descia de noroeste a sudeste, como ainda hoje pode ser visto a partir de sua extremidade sudeste, ou seja, das imediações do “Aish el-Ghorab”, o cemitério mulçumano atual situado à sombra de Gebel Ghibli.
Na Quinta Hora Sokar é retratado em pé, de asas abertas, sobre uma serpente de cabeça dupla. Ambas as figuras aparecem em uma ilha de formato oval que é guardada por uma esfinge de duas extremidades, conhecida como Aker-Leão (Akeru, no plural). Inquestionavelmente, essa ilha é uma representação do monte da criação nas águas primordiais. Os Akeru-Leões são tidos como protetores da entrada e da saída do Duat-Submundo, os pontos em que o sol desaparece ao pôr-do-sol e em que ressurge ao amanhecer. Selim Hassan equiparou o Aker-Leão à Esfinge de Gizé, que guarda a entrada oriental do platô, ao passo que o local mítico conhecido nos textos funerários como “Terras Altas do Aker”, foi identificado com as colinas que circundam Gizé.
Nem mesmo o deus-sol estava autorizado a penetrar na câmara secreta de Sokar durante sua viagem noturna em direção à vida após a morte. A alma do falecido, em seu barco noturno, era atraída para o topo de uma colina-pirâmide cônica frequentemente representada sobre uma ilha oval na qual estava Sokar.Seria a ilha da Terra de Sekri o mesmo monte primordial dos textos de Edfu? Se o Shetayet de Sokar estava localizado nas proximidades de Gebel Ghibli, então é do maior interesse a presença do poço Beer es-Samman na face norte da colina. O poço marcaria a localização do Shetayet de Sokar, onde a entrada ou a saída do Rostau, a “boca das passagens”, estaria apenas aguardando para ser encontrada.
fonte do texto e fotos: http://www.luzemhisterio.com.br
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