Brigid - A Sobrevivência de uma Deusa
Eu sou Aquela que é a mãe natural de todas as coisas, senhora e governante de todos os elementos, a descendência inicial dos mundos, chefe dos poderes divinos, Rainha de tudo o que há no Outro Mundo, a principal daqueles que habitam as alturas, manifestada sozinha e sob a forma de todos os Deuses e Deusas.
Talvez uma das mais complexas e contraditórias Deusas do panteão celta, Brigid pode ser vista como a mais poderosa figura religiosa em toda a história da Irlanda. Muitas partes de tradições diversas têm se assemelhado, tornando complicados a Sua história e Seu impacto, mas permitindo que Ela sobreviva sem dificuldades pelos dos séculos. Ela tem sido bem sucedida em permanecer intacta por gerações, cumprindo diferentes papéis em tempos divergentes.
Ela foi, e continua sendo, conhecida por muitos nomes. Chamada de Bride, Bridey, Brighid, Brigit, Briggidda, Brigantia, eu estou usando o Seu nome, Brigid, aqui. Há também muitas variantes de pronúncia, todas corretas, mas, na minha mente, eu uso a pronúncia "breet".
Brigid é a padroeira tradicional da cura, poesia e do ofício dos ferreiros, todas elas sabedorias práticas e inspiradas. Sendo uma deidade solar, Seus atributos são a luz, a inspiração e todas as habilidades associadas ao fogo.
Apesar d'Ela não dever ser identificada com o Sol físico, Ela é certamente benfeitora da cura interna e da energia vital.
Também conhecida como A Senhora do Manto, Ela representa o aspecto da Grande Deusa de irmã ou virgem. As deidades do panteão celta não são e nunca foram abstrações ou ficções, mas sim, inseparáveis da vida diária. Os fogos da inspiração, como demonstrado na poesia, e os fogos dos lares e das forjas, são vistos como sendo idênticos. Não há separação entre os mundos internos e externos. A tenacidade com a qual as tradições que gravitam em torno de Brigid têm sobrevivido, mesmo na santa que é a mal disfarçada Deusa, claramente indica a Sua importância.
Como a patrona da poesia, filidhecht, o equivalente à sabedoria bárdica, é a mantenedora primária da cultura e do aprendizado. A bansidhe e os filidh - Mulheres das Colinas das Fadas e a classe dos poetas-profetas, respectivamente, preservam a função poética de Brigid ao manter viva a tradição oral. É largamente acreditado que aqueles poetas que já partiram deste plano habitam os reinos entre os mundos, visitando o nosso, para que as antigas canções e histórias possam ser ouvidas e repetidas. Dessa maneira, Brigid cumpre a função de prover a continuidade, nos inspirando e nos encorajando.
O papel dos ferreiros em qualquer tribo era visto como um trabalho sagrado e era associado com poderes mágicos, desde que envolvia a manipulação do elemento primordial, o Fogo, moldando metais (provenientes da Terra) através da técnica, do conhecimento e da força. Conceitos do ofício dos ferreiros estão conectados a histórias concernentes à criação do mundo, utilizando os Elementos para criar e fundir uma nova forma.
Brigid também é a Deusa dos médicos e dos curandeiros, da divinação e da profecia. Um dos Seus mais antigos nomes é Breo-saighead, que significa "flecha de fogo", e no interior deste nome está o atributo de punição e justiça divina.
Três rios são nomeados em Seu nome - Brigit, Braint e Brent, na Irlanda, Gales e Inglaterra, respectivamente. Na Bretanha moderna, Ela é hoje vista como a donzela-guerreira Brigantia e venerada não apenas pela sua justiça e autoridade naquele país, mas também como a personificação da Bretanha, como pode ser visto na moeda do reino. Há uma história, que vem do século XII, em que Merlin é inspirado pela figura feminina que representa soberania da Terra da Bretanha.
Ela causa as suas visões para alcançar, através da história da Bretanha, e assim é dito, os confins do sistema solar. Taliesin também descreve uma cosmologia tradicional, inspirado por Brigantia. Ela é o centro de muitos mitos heroicos, especialmente daqueles concernentes com buscas nos mundos inferiores e com o reinado sagrado. Isto parece relacioná-La com o desenvolvimento do potencial humano. No relevo em pedra da Deusa guerreira Brigantia, De Birrens, Dunfrieddhire, um sítio militar romano, Ela carrega uma lança em sua mão direita, um orbe simbolizando a vitória em sua mão esquerda e usa uma coroa. Uma cabeça de górgona adorna seu seio, um símbolo de Minerva. Ela está usando um vestido Romano. Na inscrição se lê: BRIGANTIA SAMAADVS...
Sua importante associação com a vaca, conjugada com a sua extrema necessidade na cultura e história celta, se relaciona com o festival de Imbolc. Esta celebração, que é completamente Dela, envolve fogueiras, purificação com água de fonte e a condução ao ano novo (Primavera) por uma donzela conhecida como a Rainha dos Céus. O significado de Imbolc é tão profundo que merece uma seção completa dentro de qualquer trabalho relativo à Brigid.
Para compreender totalmente o significado de Imbolc é necessário entender a luta de vida-e-morte representada pelo inverno em qualquer sociedade agrária. Em um mundo aquecido apenas pelo fogo, a neve, o frio e o gelo desta estação literalmente te abraçam em seus domínios, apenas suavizando com a chegada da Primavera. Apesar de o equinócio não vir ainda e a primavera ser celebrada em Ostara e Beltane, Imbolc é o seu precursor e a indicação de que melhores tempos estão vindo.
Durante os meses frios, certos assuntos tornam-se angustiantes. Há comida o suficiente para os seres humanos e para os animais? Irá a doença dizimar a tribo, especialmente no caso dos jovens, dos idosos e das mães com crianças de colo? E os animais cujas vidas são tão cruciais para nós mesmos? Uma das questões mais "quentes" diz respeito às vacas grávidas e às ovelhas, já que seu leite é usado para bebida, queijo e coalhada, que podem ser a diferença entre a vida e a morte.
Por Imbolc, estes animais terão parido seus rebentos e seu leite será abundante. Leite, para os celtas, era um alimento sagrado, equivalente à comunhão cristã. Era uma espécie de alimento ideal, devido à sua pureza e aspecto nutritivo. O leite materno era especialmente valioso, detendo poderes curativos. A vaca era o símbolo da sacralidade da maternidade, a força da vida sustentava e nutrida. Este símbolo não era uma vaca passiva dando leite, mas uma mãe ativa lutando pelo bem-estar de seus filhos.
Imbolc divide o inverno no meio; os últimos meses do inverno estão partindo e a promessa da Donzela da Primavera está chegando. Este festival tornou-se nos tempos modernos Candlemas (Candelária) com o Dia de Santa Brígida e a Festa da Purificação de Maria, sendo celebrados durante este período. Esta celebração era definitivamente um festival feminino. Mulheres se reuniam para recepcionar o aspecto virginal da Deusa, encarnada por Brigid. Bolos de milho feitos da primeira e da última colheita eram feitos e distribuídos e esta prática permanece como parte da Sua celebração. Durante estes festivais, Ela era comumente representada por uma boneca, vestida de branco, com um cristal sobre o Seu tórax.
Esta boneca, normalmente uma boneca de milho, era carregada em processão pelas donzelas, também vestidas de branco. Comidas como oferendas eram apresentadas à Deusa com um banquete especial, dado pelas donzelas para elas mesmas. Jovens rapazes eram convidados para este banquete com o objetivo de um acasalamento ritual, para assegurar que novas almas iriam ser trazidas para substituir aquelas perdidas durante os tempos de frio.
O festival tem conexões pastorais devido à associação com a chegada do leite das ovelhas. Apesar de Brigid ser designada como uma deidade extremamente abrangente, durante Imbolc Ela é honrada em Sua capacidade como Grande Mãe.
Ela possui um status não-usual de Deusa do Sol que pendura Seu manto nos raios do Sol e cuja morada irradia luz, como se estivesse pegando fogo. Brigid se apoderou do Culto das Ovelhas, antes dedicado à Deusa Lassas, que é também uma Deusa do Sol e quem fez a transição, nas Ilhas, de Deus para santa. Desta forma, a conexão de Brigid com Imbolc é completa, já que o culto de Lassar se extinguiu, para apenas ser revivido mais tarde no santificado cristão.
Brigid transcendeu desde cedo as considerações territoriais, provendo alguma unidade entre as tribos guerreiras da Europa Ocidental e das Ilhas. Seus três filhos deram seus nomes a soldados da Gália. O culto de Brigid não existe apenas na Irlanda, mas em toda a Europa; Ela possui antiga e internacional ancestralidade, significando o seu nome "alta" ou "exaltada". Como Deusa Mãe, Brigid uniu os celtas que estava espalhados por toda a Europa. Ela era um dos aspectos com os quais todos concordavam, não importante quão díspares eles eram em localidades e tradições.
Além de ser associada aos Seus animais totêmicos, a vaca e a ovelha, Ela é também associada com o galo, arauto do novo dia, e a cobra, símbolo da regeneração. Dessa forma, ela é relacionada à Deusas da fertilidade, muitas das quais são também vistas segurando cobra e dividem com Minerva o escudo, a lança e a coroa de serpentes. Serpentes também são comuns nas joias celtas (outro produto dos ferreiros), com muitos torcs mostrando este sinuoso símbolo de poder e divindade.
Suas histórias retém remanescentes de outras Deusas dos mundos antigos e é dito que o seu culto no local que depois se tornou o Convento de Kildare assemelhava-se ao de Minerva. Alguns dos Seus símbolos são idênticos aos da Deusa Egípcia Ísis. Seus instrumentos ornados, que são também símbolos de Minerva, foram preservados na capela de Glastonbury, junto com a Sua sacola e Seu sino, símbolos da cura. Suas cores - branco, preto e vermelho - são as de Kali e mostram aí uma antiga conexão.
Ela surgiu como uma triplicidade de irmãs, algo usual nas lendas celtas. Ela é a Filha de Dagda e Morrigham e irmã de Ogma, um Deus Solar e Criador do Ogham. Com Bres dos Fomorianos, Ela teve três filhos - Brian (Ruadan), Luchar e Uar - e as ações de Brian na Batalha de Meytura têm grande destaque na Sua evolução como Deusa da Paz e da União.
Para entender o significado dessa batalha é necessário saber um pouco sobre a tradição celta concernente à família. Matrilinear, o que significa que a ancestralidade era traçada através da linhagem da mãe mais do que através da linhagem do pai, o homem mais importante na sua vida seria o parente mais velho da sua mãe, normalmente um tio e não necessariamente um avô, já que a sua linhagem para ela poderia não existir. Todas as relações consanguíneas de importância vieram da linhagem da sua mãe. Esta ligação era tão rigorosa que os filhos das irmãs eram consideradas como irmãos mais do que como primos. A maternidade demandava a máxima reverência. Estupro era um crime da maior severidade, sujeito aos maiores castigos e não perdoável ou sujeito a tolerância. Posteriormente, como uma Deusa que cria leis, Brigid garantiria que certos direitos da mulher fossem mantidos de alguma forma dentro da nova religião.
O casamento de Brigid com Bres foi, essencialmente, uma aliança para trazer a paz entre duas facções inimigas. Ela era dos de Danu e ele dos Fomorianos. Com o casamento, a guerra foi finalmente interrompida. Ruadan, o filho mais velho de Brigid, usou o conhecimento do ofício dos ferreiros dado a ele pela sua parente, Danu, contra os Fomorianos ao matar o seu ferreiro, uma posição sagrada dentro da tribo. Este ferreiro matou Ruadan antes de dele mesmo morrer. Dizem que as aflições e lamentações de Brigid foram as primeiras a serem ouvidas na Irlanda e que não foram apenas uma expressão de luto pela perda do Seu filho, mas também pela animosidade entre as facções maternais e paternais da família. Isto foi visto como o começo do fim para os Antigos Caminhos. E então a história irlandesa do Pecado Original foi mais a do ato contra a família matrifocal do que a da sexualidade, já que esta traz a visão sagrada da maternidade e era vista como positiva pelos celtas.
Sua evolução de Deusa para santa ligou a tradição pagã celta e a tradição cristã da mesma forma que o Caldeirão de Cerridwen e o Sagrado Graal foram combinados nas lendas arthurianas. Ela atua como uma ponte entre dois mundos e fez a transição de volta para a Deusa com sucesso e com grande parte das Suas tradições preservadas. O culto de Santa Brígida persistiu até o começo do século XX com o Seu culto irlandês quase superando o de Maria. Ela é celebrada tanto na Irlanda quanto na Escócia.
A fim de incorporar Brigid ao culto cristão, e assim assegurar a Sua sobrevivência, Seu envolvimento na vida de Jesus tornou-se conteúdo de lenda. De acordo com as histórias em "The Lives of the Saints", Brigid era a parteira presente no nascimento Dele, derramando três gotas de água na Sua testa. Isto parece ser uma versão cristianizada do antigo mito celta sobre o Filho da Luz sobre cuja cabeça três gotas de água foram derramadas para Lhe conferir sabedoria.
Mais adiante, como uma santa cristianizada, se dizia que Brigid era mãe adotiva de Jesus, sendo que a adoção era uma prática comum entre os celtas. Ela adotou a criança para salvá-La da matança dos outros meninos, supostamente instigados por Herod. Ela vestiu uma coroa de velas para iluminar o Seu caminho para um lugar seguro.
Existe um evangelho apócrifo de Thomas que foi excluído da Bíblia em que ele clama que uma teia foi fiada para proteger o menino Jesus de danos e males. Esta história mantém Seu status como patrona das artes domésticas, fiando lã das Suas ovelhas, alimentando as Suas ligações como uma Deusa pastoral. Devido às diferenças originais entre a Igreja Romana e aquela que um dia foi um tipo extremamente divergente de Cristianismo praticado nas Ilhas Ocidentais, particularmente na Irlanda, muitas das antigas deidades fizeram a transição de Deuses e Deusas para santos e santas, alguns experimentando mudanças sexuais no caminho, causadas pela Igreja.
Frequentemente cultos pagãos mal disfarçados foram perpetuados em monastérios e conventos, os quais foram construídos em locais sagrados para o panteão celta, ou perto deles. Muitos dos grandes monastérios - Clonmacnoise, Durrow e o própria Kildare de Brigid - foram grandes centros de aprendizado e cultura, e muitas informações foram disseminadas destes locais para a Europa Ocidental. (O que é muito parecido com os grandes colégios druídicos e não é surpreendente encontrar lugares sagrados para a nova religião que foram construídos sobre os alicerces da antiga).
Pensa-se que estes mosteiros mantiveram viva e preservada muito da cultura clássica na Europa durante a Idade das Trevas. Durante este período, guerras foram dizimando a população. Maria, sendo a Mãe desta nova religião, foi abraçada por mulheres que sentiam uma experiência similar a de sacrificar os seus filhos para uma maquina política e religiosa.
A Deusa Tríplice foi substituída por uma Trindade, mas os Antigos Caminhos subsistiram em seu culto. O papel de Brigid como Deusa Mãe nunca foi erradicado completamente e reaparece através de toda a Sua carreira como uma santa católica. Como Santa Brígida, há raios de luz do sol vindos da Sua cabeça, assim como é retratada como uma Deusa. Os temas do leite, fogo, Sol e serpentes seguiram-na neste caminho, dando a Ela uma popularidade sempre crescente. Compaixão, generosidade, hospitalidade, fiação e tecelagem, o ofício dos ferreiros, cura e agricultura correram através Dela várias vidas e evoluções.
Seu simbolismo como uma Deusa do Sol permanece, também, na forma da Cruz de Brigid, uma suástica que gira no sentido horário, considerada por todo o mundo como um símbolo profundo, chegando à Irlanda pelo século II a.C. e que ainda hoje é lá usada para proteger a colheita e os animais da fazenda.
Uma das histórias da Sua vida como uma santa suporta o Seu atributo original de deidade solar. Durante a Sua infância, os vizinhos correram até sua casa, pensando que ela estava pegando fogo. Essa radiância vinha da jovem santa, uma demonstração da Sua graça devida ao Espírito Santo. Uma prece à Santa Brígida pede:
Brigit, mulher sempre grandiosa, reluzente chama dourada, guie-nos para o Reino eterno, o deslumbrante sol resplandecente.
Mesmo na Sua nova encarnação como uma santa católica a Sua existência anterior é afirmada. A chama eterna do Seu convento em Kildare sugere sua existência como tendo sido pagã e/ou druídica. Assume-se que o santuário em Kildare é uma sobrevivência cristã de um antigo colégio de sacerdotisas vestais que eram treinadas e depois dispersadas pelo mundo para tomar conta de fontes sagradas, assim como clareiras, cavernas e montes. Estas sacerdotisas eram originalmente comprometidas a prestarem trinta anos de serviço, mas, depois deste período, eram livres para casar e partirem. Os primeiros dez anos eram gastos em treinamento, dez em prática dos seus deveres e os dez finais em ensinar outras, o que é similar aos três graus de iniciação achados em muitas tradições. Estas mulheres preservaram as antigas tradições, estudaram ciências, remédios de cura e, talvez, mesmo as leis do estado. Em Kildare seus deveres devem ter envolvido mais do que meramente vigiar o fogo. Este fogo perpétuo na cidade monástica era vigiado por dezenove noviças por um período de dezenove dias. No vigésimo dia, era dito para a própria Brigid manter o fogo ardendo. O local para o monastério de Kildare foi escolhido pela sua elevação e também por causa do antigo Carvalho lá achado, que se considera tão sagrado que não se permite que haja nenhuma arma perto dali. A palavra Kildare vem de "Cill dara", a Igreja do Carvalho. Toda a área era conhecida como Civitas Brigitae, "A Cidade de Brigid".
A preservação do fogo sagrado tornou-se o foco deste convento. A abadessa era considerada como sendo a reencarnação da santa e cada uma delas automaticamente tomava o nome, Brigid, como investidura. O convento foi ocupado continuamente até 1132 E.C, com cada abadessa tendo uma conexão mística com a santa e retendo o Seu nome. Neste ponto, Demor MacMurrough desejou ter uma parenta sua como abadessa. Apesar da opinião popular ser na época contra ele, suas tropas invadiram o convento e estupraram a abadessa superior com o intuito de lhe tirar o crédito.
Depois disso, Kildare perdeu muito do seu poder e os fogos foram finalmente apagados pelo Rei Henrique VIII, durante a Reforma. Durante o tempo em que o convento foi ocupado pela própria santa, ela foi da posição de Deusa-Mãe para a de Legisladora, paralelamente à Minerva, mais uma vez. Sua habilidade para se mover entre categorias é o segredo do Seu sucesso contínuo. Quando as leis foram escritas e codificadas pelo Cristianismo, Brigid apareceu largamente para assegurar que os direitos da mulher iriam ser lembrados. Essas leis foram confiadas à memória dos bretões como parte da sua extensa tradição oral. Os Antigos Caminhos continuaram a ser praticados, apesar de não sempre abertamente e, com o fim de assegurar que o povo não iria se desviar da nova religião, muitos aspectos da antiga foram incorporadas à ela. Em manterem-se os
Antigos Caminhos, não era permitido aos homens engravidar mulheres contra a sua vontade, contra aconselhamentos médicos ou contra as restrições da tribo dela. A um homem não era permitido negligenciar as necessidades sexuais da sua esposa. A lei irlandesa também favorecia extensivamente os direitos da mulher no casamento, na gravidez fora do casamento e no divórcio.
Em um incidente, claramente definindo a posição da mulher nesta nova classe guerreira, uma mulher pedia à Brigid por justiça. Suas terras e propriedades estavam para serem confiscadas após a morte dos seus pais. Brigid, entretanto, determinou que era decisão da mulher defender a sua terra como uma guerreira, estando preparada para pegar em armas para proteger a sua propriedade e seu povo. Se ela decidisse não usar desse privilégio metade da sua terra deveria passar para o domínio da sua tribo. Mas, se ela escolhesse manter a terra e defendê-la militarmente, lhe seria permitido manter a terra em sua totalidade para si.
A mudança de Deusa Mãe para Mãe Virgem e daí para Virgem Santa apresentou certa dificuldade. Ainda que isso tenha assegurado a Sua sobrevivência e a emergência do Seu poder no Neo-Paganismo, a ênfase na virgindade é um forte resquício do patriarcado cristão. Ela tirou poder de outras mulheres, removendo a maternidade da sua posição sagrada na sociedade celta. Como a Mãe, Brigid mantém a tradição viva e completa, oferecendo um meio de liderança que se sustenta atravessando quaisquer circunstâncias. Na Sua característica de legisladora, seu empenho em carregar os Antigos Caminhos através de todas as dificuldades para os dias presentes tem sido bem-sucedido. O Paganismo ainda existe e numa forma que irá driblar muito bem as dificuldades presentes neste momento.
Entretanto, vendo Brigid como a donzela intocada, Sua virgindade sendo totalmente simbólica, Sua lealdade não é compromissada por fidelidade a um amante ou marido. Além do controle de qualquer tribo ou nação, Ela pode servir de mediadora para assegurar a união para o bem de todos. Ela nos protege ao andar pelo labirinto, mas também nos faz encarar a realidade por nós mesmos. Seu Fogo é a centelha viva em todos nós.
Por Winter Cymres, 1995, ilustrado por Bill Blank. 12/98
Fonte: site da OBOD (Order of Bard, Ovates and Druids)
Traduzido por Quíron, 2000.
Qual é a relação da Deusa Brigd com a Deusa Badb? É a mesma Deusa?
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