Pesquisar neste blog

A principal fonte dos textos postados aqui é da Internet, meio de informação pública e muita coisa é publicada sem informações de Copyright, fonte, autor etc. Caso algum texto postado ou imagem não tenha sua devida informação ou indicação, será escrito (autoria desconhecida). Caso souberem, por favor, deixe um comentário indicando o ou no texto, ou caso reconheçam algum conteúdo protegido pelas leis de direitos autorais, por favor, avisar para que se possa retirá-lo do blog ou dar-lhe os devidos créditos. Se forem utilizar qualquer texto postado aqui, por favor, deem os devidos créditos aos seus autores. Obrigada!

Abençoados sejam todos!

27 de mar. de 2011

Bramanismo

O Bramanismo surge da evolução da religião Védica.
A Índia é conhecida mundialmente por seu sistema de castas, sendo essas introduzidas pelos Brâmanes. Mitologicamente explica-se que as 4 castas surgiram do corpo de Brahman, de sua cabeça saíram os Brâmanes, considerados como seres quase divinos, detentores do monopólio da religião; dos braços de Brahman surge a casta dos Kshátriyas, que constituem os nobres e os guerreiros; de suas pernas surgem os Vaicias, os agricultores e comerciantes; de seus pés os Sudras, homens de cor, que realizam os trabalhos mais simples, artesões e escravos. Fora das castas e segregados da sociedade encontramos os Parias ou Chandâlas, considerados como “os sem berço”.
Esse sistema de castas se sustenta dentro da ideia de transmigração das almas. Para o Bramanismo todos os homens vivem dentro do que denominam “Roda de Sansara”, o ciclo de nascimentos e mortes. A alma humana, por uma necessidade evolutiva, devido a sua imperfeição, necessita de sucessivas encarnações sob diferentes formas de acordo com o seu Karma, a soma dos méritos e deméritos de uma vida. Esse saldo (Karma) determina necessariamente a vida futura e, portanto, justifica o nascimento em uma ou outra casta. A salvação (Moksha) consiste em libertar-se do karma, em libertar-se do renascer. No bramanismo, reencarnar é participar das dores do mundo, como se fosse o recomeço do sofrimento. Para alcançar a libertação do sansara são necessários, em um primeiro momento o sacrifício e no segundo o conhecimento.
Os livros sagrados do Bramanismo são além dos Vedas os Brâmanas (rituais em prosa redigidos como elucidários e comentários dos Vedas, sendo que cada Veda possui seu Brâmana), Upanixadas e Aranyakas (elaborados por discípulos, como compilações das reflexões dos sábios, significam “ensinamentos secretos”, construídos fora da casta sacerdotal), e o código de Manu (Manu é um deus lendário ao qual o próprio Brama teria feito a entrega das leis, data aproximadamente entre o II século aC, e o II século da era cristã, encontramos em seu conteúdo a consagração do domínio dos Brâmanes, bem como os códigos de leis civil e penal).

Filosofia Brâmane

“No começo havia apenas o Brahman; foi ele que criou os deuses... Na verdade, o imortal Brahman está em todos os lugares, à frente, atrás, à direta, à esquerda, no zênite, no nadir... Ele é Aquele em que são urdidos o céu, a terra, a atmosfera, o espírito também e todos os sentidos...Espumas, vagas, todos os aspectos, todas as aparências do mar não diferem do mar. Nenhuma diferença, outrossim entre o universo e o Brahman... Na verdade, tudo é Brahman.”[1]
Brahman está em tudo, é a essência e causa de tudo que vemos e não vemos. Está nas formas, nos nomes, em tudo que podemos sentir e perceber através de nossos sentidos, assim como lhe é causa de manifestação é a essência em si.
Para o Bramanismo não existem dualidades. Toda e qualquer manifestação são apenas partes, fragmentos de um todo e tudo está interligado e permeado por Brahman.
Assim como o universo, múltiplo na aparência, mas uno em causa, meio e fim, o homem também o é. O princípio da unidade no homem, seu sopro vital é chamado de Atman.
“O Atman, o Eu – aquele fio que mantém unidos este mundo, a outro e todas as coisas – é o reitor interno, desde o início dos tempo... o Eu habita todos os seres; está dentro de todos os seres; os seres no entanto, não o conhecem; todos os seres são o seu corpo, ele os controla desde dentro. Ele não é visto, mas vê; não é ouvido; mas ouve, não é pensado, mas é o pensador. Ele é desconhecido e, contudo, é o conhecedor. Ninguém vê, exceto ele. Ele é o Eu, o governante interior, o Imortal”.[2]

Brahman é o absoluto objetivo e Atman o absoluto subjetivo, constituindo o absoluto verdadeiro o atman-brahman.
Como alcançar a libertação?
Nossas vidas, as formas de nossos diversos corpos, nas sucessivas reencarnações, pertencem ao que chamam de mundo de Maya, ou mundo da ilusão, pois tomamos como realidade um fragmento sem lhe ver as causas, nossa realidade física é apenas a manifestação de algo maior, que o compõe e o contém. Para que possamos nos libertar do sansara é preciso retirar os véus de Maya (ilusão) e contemplar nossa verdadeira essência, o atman. Para tanto, precisamos nos liberar de qualquer outro desejo que não seja o atman, porque atman existem além do desejo e de todo sofrimento. Esse caminho só pode ser trilhado por um ato de vontade, de disciplina e de desapego as coisas mundanas. Ainda que Brahman também exista e seja a causa do mundo de Maya, este é apenas um fragmento e um meio de encontrarmos nossa verdadeira essência. Então buscar o desapego dos desejos e necessidades materiais, entender que são apenas aspectos menores, que a verdadeira vida e imortalidade estão em atman passa a ser o caminho. Atman é o habitante interno do homem, seu sopro vital, causa, meio e fim de suas existências. É Aquele a quem se deve contemplar.

“É atman realmente que é preciso contemplar, que é preciso ouvir, que é preciso compreender, que é preciso meditar; pois verdadeiramente aquele que ouviu, que contemplou, que meditou o atman, conhece esse universo inteiro, o que está no fundo do homem e o que existe no sol são uma única e mesma coisa.”[3]

Na busca desse encontro surgem às diversas escolas com práticas religiosas e ascéticas que visam acelerar o momento da identificação com atman e da libertação do sansara.
“Quando o Brâmane ou seu discípulo, após haver cumprido seus deveres familiares, pode transmitir ao filho a direção e os bens da comunidade, retira-se, tal um eremita, para o fundo da floresta, a fim de, no seu silêncio, entregar-se a meditação religiosa, ou então torna-se um monge-esmoler... Assim começa o monaquismo hindu...”[4]

____________________________
[1] Extrato do Brâmana
[2] Extrato do Upanixadas
[3] Extrato Upanixadas
[4] Challaye – Pequena história das grandes religiões. Pág. 59.

texto: Lara Moncay

Nenhum comentário:

Postar um comentário