(autoria desconhecida)
Morrigan (Morrigane/Morrigu), filha de Étrange (Ernmas), é a Senhora do fim e da morte, tendo como animal representativo um corvo (em alguns textos também como gralha), uma das grandes deusas da tribo de Dana, grande conhecedora de cantos guerreiros fazendo com seus feitiços, chuvas de sangue cair sobre os inimigos.
Narrada como uma magnífica e sensual mulher com cabelos negros que vão até a cintura, por vezes vestida com a cor vermelha como o sangue e com uma pena negra presa em suas tranças. É a imagem tradicional de uma deusa da guerra, da sexualidade e da magia, estando estes três domínios indubitavelmente associados à tradição celta em que os guerreiros recebem, duma mulher a iniciação sexual, mágica e guerreira. Além disso, impõe-se uma comparação muito óbvia entre ela e a fada Morgana das narrativas arturianas, mesmo tendo ela perdido algumas da suas características primárias e tendo-se tornada a uma espécie de símbolo sexual.
Um bom exemplo destas características é quando Lugo (Lugh) pergunta para Morrigan qual seria a sua contribuição para derrotar os exércitos dos Fomore (dentro da segunda grande batalha de Mag-Tured) ela responde: "Não te preocupes: tudo o que eu quiser alcançarei, graças ao poder dos meus feitiços. A minha arte aterrorizará de tal modo os Fomore que a planta dos seus pés ficará branca, e os seus maiores campeões terão uns a seguir aos outros devido à retenção da urina. Quanto aos outros guerreiros, fá-los-ei ter tanta sede que ficarão enfraquecidos, e farei com que todas as fontes fujam deles de modo a não poderem matar a sede. E enfeitiçarei as árvores, as pedras e as elevações de terra de tal modo que, confundindo-as com contingentes de homens armados, os inimigos nelas se perderão cheios de terror e de pânico".
fonte: Árvore Sagrada
Na Mitologia Celta o dia 30 de outubro era comemorado o Dia de Morrigan, patrona das sacerdotisas e das bruxas
Morrígan (”Terror” ou “Rainha Fantasma”), também escrita Mórrígan (”Grande Rainha”) (aka Morrígu, Mórríghean, Mór-Ríogain) é uma figura da mitologia irlandesa (céltica) considerada uma divindade, embora não seja referida como “Deusa” nos textos antigos.
Morrigan é uma das formas que toma a antiga Deusa Guerreira Badb. Morrigan ou Morrigu, Macha e Badb formam a triplicidade conhecida como as "MORRIGHANS", as FÚRIAS da guerra na mitologia irlandesa.
Morrigan, como todas as deidades celtas está associada as forças da Natureza, ao poder sagrado da terra, o Grande Útero de onde toda a vida nasce e depois deve morrer para que a fecundidade e a criação da terra possam renovar-se.
É também a Deusa da Morte, do Amor e da Guerra, que pode assumir a forma de um corvo. Nas lendas irlandesas, Morrigan é a deidade invocada antes das batalhas, como a Deusa do Destino humano.
Dizia-se que quando os soldados celtas a escutavam ou a viam sobrevoando o campo de batalha, sabiam que havia chegado o momento de transcender. Então, davam o melhor de si, realizando todo o tipo de ato heroico, pois depreciavam a própria morte.
Para os celtas, a morte não era um fim, mas um recomeço em um Outro Mundo, o início de um novo ciclo.
Na epopéia de Cuchulainn, "Tain Bó Cuailnge", em que se celebra a grande guerra entre os Fomorianos e os Tuatha De Danann, as três Deusas Guerreiras com forma de corvos são Nemain, Macha e Morrigu, das quais Morrigu é a mais importante.
Segundo a análise que faz Evans Wentz da lenda, são a forma tripartida de Badb.
Nemain confunde os exércitos do inimigo, Macha goza com a matança indiscriminada, porém foi Morrigu quem infundiu força e valores sobrenaturais a Cuchulainn, que desse modo ganhou a guerra para os Tuatha De Danann, que representavam as forças do bem e da luz, e derrotou os obscuros Fomorianos, de igual modo que os deuses olímpicos venceram os Titãs.
Representada comumente como uma figura terrível, nas glosas dos manuscritos medievais irlandeses como uma equivalente a Alecto - uma das Fúrias na mitologia grega de fato, um dos textos refere-se a Lâmia como “um monstro de formas femininas, ou seja, uma Morrigan” ou ainda como o demônio hebreu Lilith.
Associada com a guerra e a morte no campo de batalha, algumas vezes é anunciada com a visão de um corvo sobre carcaças, premonição de destruição ou mesmo com vacas. Considerada uma divindade da guerra, comparável às Valquírias da mitologia germânica, embora sua associação com o gado bovino permita também uma ligação com a fertilidade e o campo.
É com frequência vista como uma divindade trinitária, embora as associações desta tríade variem: a mais frequente dá-se de Morrígan com Badb e com Macha - embora algumas vezes incluem-se Nemain, Fea, Anann e outras.
As mais antigas narrativas de Morrígan estão nas histórias do “Ciclo do Ulster”, onde ela tem uma relação ambígua com o herói Cúchulainn. No Táin Bó Regamna (Invasão do gado em Regamain), ele a desafia, sem compreender o quê ela é, quando ela guia uma novilha por seu território, tornando-se seu inimigo. Ela profere uma série de ameaças, predizendo finalmente uma batalha próxima onde ele será morto. Ela diz, enigmaticamente: “Eu vigio sua morte”
No Táin Bó Cuailnge a Rainha Medb de Connacht comanda uma invasão ao Ulster para roubar o touro Donn Cuailnge. Morrígan surge ao touro na forma de um corvo, e o previne para fugir. Cúchulainn defende o Ulster, travando no vau dum rio uma série de combates contra os campeões de Medb. Entre os combates, Morrígan lhe surge, com aparência de uma bela moça, oferecendo-lhe seu amor e auxílio na batalha mas ele a rejeita.
Como vingança ela interfere no seu próximo combate, primeiro assumindo a forma de uma enguia, fazendo-o tropeçar; depois, com a forma de um lobo, provocando um estouro da boiada, e finalmente como uma novilha que conduz o rebanho em fuga, tal como havia ameaçado em seu primeiro encontro. Cúchulainn é ferido por cada uma das formas que ela assume mas, apesar disto, consegue derrotar seus oponentes. Ao final ela reaparece-lhe, como uma velha que trata-lhe os ferimentos causados por suas formas animais.
Enquanto ordenha uma vaca, ela oferece a Cúchulainn três copos de leite. Ele a abençoa por cada um deles, e suas feridas são curadas.
Numa das versões sobre o conto da morte de Cúchulainn, falando sobre como o herói enfrenta seus inimigos, diz-se que este encontra Morrígan como uma velha que lava sua armadura ensanguentada à margem do rio um presságio de sua morte.
Depois, mortalmente ferido, Cúchulainn amarra-se a uma pedra com suas próprias entranhas, para assim poder morrer em pé… Somente quando um corvo pousa sobre seu ombro é que os inimigos acreditam que realmente está morto.
Morrígan também aparece em textos do chamado “Ciclo Mitológico” celta. Na compilação pseudo-histórica Lebor Gabália Érenn, do século XII, ela está listada entre Tuatha Dé Danann, como uma das filhas de Ernmas, neta de Nuada.
Morrígan é frequentemente considerada como uma deusa trina, mas a sua suposta natureza tripla é ambígua e inconsistente. Às vezes surge como uma de três irmãs, as filhas de Ernmas: Morrígan, Badb e Macha.
Por vezes a trindade consiste em Badb, Macha e Nemain - coletivamente conhecidas como Morrígan ou, no plural, como as Morrígan. Ocasionalmente Fea ou Anu também surgem, em várias combinações. Morrígan, porém, muitas vezes aparece só, e seu nome por vezes é transmutado para Badb, sem a terceira “forma” mencionada…
Morrígan é usualmente tida como “deusa guerreira”: W. M. Hennessey, em sua obra A antiga deusa irlandesa da guerra, escrita em 1870, foi influenciado por esta interpretação. O seu papel envolve frequentemente a morte violenta de determinado guerreiro, ao tempo em que é sugerida uma ligação com Banshee (espécie de fada) do folclore posterior).
Esta ligação torna-se mais evidente no livro de Patricia Lysaght (The Banshee: The Irish Death Messenger - Banshee): “Em certas áreas da Irlanda encontra-se este ser fantástico que, além do nome feérico, também é chamada de Badhb”.
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