(autoria desconhecida)
Além de todo o panteão da Índia pré-vedica e do vedismo, encontraremos outros deuses, os quais se tornam as figuras mais importantes do Hinduísmo.
Existem três vias sagradas de acesso ao conhecimento: pela contemplação, as obras e a devoção religiosa. O bramanismo contempla em suas bases o mistério do Trimuti, a trindade do absoluto, como criador de toda a existência e possuidor de todas as idéias. O Eu existe nas suas três divindades complementares: Brama[1], o Criador; Visnú, o conservador e Shiva, o destruidor.
Esse mesmo Eu, coexiste ao mesmo tempo nas duas naturezas unidas, na mortal e na imortal, porque as duas naturezas são simplesmente a mesma essência. Assim como o homem que é reflexo dessa dupla natureza, mortal e imortal a um só tempo, devendo buscar a totalidade de sua existência, a unidade e ao seu Eu eterno, atman.
Enquanto Brama fica estabelecido num plano metafísico, as duas outras personificações do Trimuti, Shiva e Visnú, convertem-se em deuses queridos e temidos aos quais poderia se recorrer em casos concretos.
Visnú começou sua carreira mitológica como mais uma divindade da natureza, um deus solar, mas foi galgando postos constantemente até chegar a 2ª pessoa do Trimurti, atrás do grande Brama. Visnú aguarda sua última reencarnação, possuiu nove avatares (o que significa descida de um deus na terra, ou seja, nove encarnações), tendo sido o peixe que salvou Manú do dilúvio, a tartaruga que obteve a bebida sagrada de amrita, o javali que voltou a salvar a terra do novo dilúvio, o leão que castigou o blasfemo demônio Hiranya, Trivikrama, o Brâmane anão dos três passos, o Parasurama que venceu os chatrias, o Rama da epopeia de Ramayana e o príncipe negro Krishna. A décima será do gigante com cabeça de cavalo branco, como kalki, vindo a Terra para a batalha definitiva contra o mal, quando o mundo acabar e Shiva aparecer sobre as ruínas do dia do fim do mundo. Nas epopeias do Ramayana e de Mahâbârata, Visnú se converte no verdadeiro protagonista da lenda, relegando Brama, para segundo plano. Habita as moradas paradisíacas rodeado pelo amor eterno de um milhar de incondicionais pastoras celestiais, as Gopis, e na companhia de Laksmi, divindade do amor, da ciência e da sorte, segundo nos contam os textos de Ramayana. Quando Visnú desce a Terra para acompanhar os humanos, o faz geralmente incorporando um deus de quatro braços, braços que portam o disco, o maço, a concha ou a trombeta, e a espada ou o lótus, emblemas que são representações de suas faculdades e virtudes, como são os símbolos do Sol, da força, do combate contra o mal e seu justo castigo.
(visnú)
Shiva é a terceira pessoa do Trimurti, embora para os seus fiéis ele seja a primeira e incontestável divindade trinitária. Casado com a também impressionante deusa Parvati, a montanha, que conhece muitas advocacias, desde a de Sati, ou esposa, e Ambiká, ou mãe, até à de Kali, a negra, a deusa da morte. Com sua esposa Shiva habita as regiões que formam o teto do mundo, no Himalaia, no cimo do monte Kailas. Naturalmente um amor como o da deusa Parvati e o deus Shiva não poderia deixar de ser grandioso e conta-se que, quando por fim Shiva e Parvati se uniram pela primeira vez, todo o planeta estremeceu num gigantesco terremoto. O deus Shiva apresenta-se, às vezes, perante os homens nu e coberto com a cinza da ascese, com toda a pureza do seu ser, adornado com o sinal inconfundível de um terceiro olho vertical no meio da fronte, com o qual vê tudo, símbolo de sua onisciência, e com o cabelo preso num grande carrapicho, outras vezes aparece coberto de serpentes, para apontar inequivocamente a sua imortalidade, e armado com o arco Ayakana e o Jinjira, mais o raio e o machado, porque então é a personificação do tempo, o deus destruidor. Quando aparece como deus da justiça aparece montado em um touro branco e um numero par de braços, entre dois e dez, empunhando numa de suas mãos o tridente no qual estão enfiadas duas cabeças. Na fronte destaca-se a marca de uma lua em quarto crescente, o seu cabelo vermelho eleva-se como uma tiara e a sua garganta é azul, para recordar que o Nilakantha, o herói que salvou o mundo de todo o veneno vomitado por Vasuri, o rei das serpentes e o apanhou na sua mão para bebê-lo depois, queimando sua garganta divina com a peçonha, para que os homens não morressem pelo seu efeito.
(shiva e Parvati)
Há ainda no Hinduísmo um panteão sem fim de deuses e lendas, como, por exemplo, o deus da Sabedoria Ganesh, com cabeça de elefante. Há grande quantidade de animais sagrados, como a vaca, o macaco e a serpente, bem como árvores e rios igualmente sagrados, como o Ganges.
(Ganesh)
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[1] Não se pode confundir Brama, com Braman. Brama é o deus representante do princípio da criação, e Braman é o princípio que anima o deus. Assim como os demais são personificações dos princípios de conservação e destruição, não são Braman, apenas o contém e manifestam em si princípios individuais do todo que é Braman.
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