Texto: Lara Moncay
A figura de Quetzalcóatl também aparece muita destacada no mito Azteca, porque se trata do deus que se sacrifica pelos humanos para devolver-lhes a terra, entregando-se ele e o seu duplo, o seu nahual, ao reino dos mortos. Quetzalcóatl gozava da simpatia dos seus fiéis, dado que ele era o criador das artes e das indústrias, a divindade encarregada de fazer chegar tudo o que o ser humano tinha a seu favor, embora também fosse tratado como uma divindade temível, dado que se lhe devia sacrificar um belo escravo, comprado quarenta dias antes da festa do deus; do seu corpo se apoderavam os mais ricos comerciantes, dado que essa carne santificada também era manjar ritual. Mas, à parte dos sacrifícios de sangue, tão intimamente unidos com a religião azteca, o bom deus Quetzalcóatl, enfrentado a Tezcatlipoca, que tinha introduzido entre os habitantes da cidade de Tula a maldade e o vício, termina por ter que abandonar a sua própria terra, na qual os povoadores já tinham sofrido o castigo à sua desobediência, para sair para o mar, não sem antes prometer regressar algum dia glorioso, dia que se esperava ativamente, com uma sentinela constante das costas por onde se sabia que Quetzalcóatl regressaria para trazer só o bem ao seu povo. Tal foi o mito, e Hernan Cortês, informado da sua existência, aproveitou a firme crença da povoação azteca para apresentar-se, no seu esplendor de cavalheiro conquistador, armado e engalanado, como o navegante mitológico que regressava aos seus domínios, anulando com astúcia qualquer a possível resistência que o imponente império podia ter-lhe apresentado.
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