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Abençoados sejam todos!

4 de mar. de 2011

Deusa Gaia

GAIA, GRANDIOSA MÃE TERRA

Oh, Gaia, poderosa deusa cósmica.

Que, tranquila, suporta quando Úrano a cobre.

Lançando-te as sementes celestes que fecundas.

Originando os seres e os animais.

Oh, receptiva fêmea que o arado penetra.

Que às sementes acolhe, indiscriminadamente.

Mulher ardorosa que a chuva fecunda.

Qual sêmen do Céu, teu amante fiel

Da mansão dos deuses, deusa talentosa.

Que comanda a vida: o nascimento e a morte.

Em teu seio fértil acolhe-nos serena.

Obscura e generosa senhora Doce Mãe,

Mãe de doçura infinita.

Dá-nos teu colo amoroso.

Sustenta-nos em teus calorosos braços.

Contém-nos, oh, guardiã da vida

Soberana entre as soberanas.

Força geradora de todos os seres.

De tuas virtudes, ensina-nos e regenera-nos.

Dá-nos de tua fertilidade, o grão Magna Mãe, Mãezinha dileta.

Ama-nos como filhos prediletos.

Como à tua Core, filha mais que amada.

De teu seio, por Hades raptada Grande útero, deusa poderosa

Perdoa-nos o mau uso, os abusos.

E contém a tua ira, na ronda fervorosa.

Em que, impiedosa, negas florescer Recolhe a triste lágrima que escorre.

De tuas entranhas expulsa o lamento.

E dá um fim ao rude tormento.

Que a mão do homem cruelmente te impõe

Contém teu pranto e a revolta

Usando a força feminina que te é própria.

Perdoa teus filhos, segura-lhes a mão.

Corta-lhes o ímpeto de desonrá-la em vão

E permanece bela, encantadora mulher

Envergando os trajes de tua origem divinal.

Corrige teus filhos e dá-lhes a compreender.

A sagrada harmonia do teu ritmo natural

Se tanto doas, se és fonte de fartura.

Se, pois, complacente e perdoa.

Majestosa senhora, teus filhos inconscientes

Mantendo intacto o ciclo das estações

Concede-nos teu imperecível amor.

E a facilidade incrível com que geras.

Abandona o teu luto e rancores.

E protege-nos, grandiosa Mãe Terra!

(Flori Jane)

(autoria desconhecida)

Gaia, Géia ou Gê era a deusa da Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos.
Tal como Caos, Gaia parece possuir uma natureza forte, pois gera sozinha, Urano, Pontos e as Montanhas. Hesíodo sugere que ela tenha gerado Urano com o desejo de se unir a alguém semelhante a si mesma em natureza. Isso porque Gaia personifica a base onde se sustentam todas as coisas, e Urano é então o abrigo dos deuses "bem-aventurados".
Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs após,os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Gaia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou seus filhos Titãs e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do pai. Somente Cronos aceitou. Gaia então tirou do peito o aço e fez a foice dentada. Colocou-a na mão de Cronos e os escondeu, para que, quando viesse Urano, durante a noite não percebesse sua presença. Ao descer, Urano - para se unir mais uma vez com a esposa - foi surpreendido por Cronos, que lhe agarrou os testículos e o castrou violentamente. Do sangue de Urano derramado sobre sua vagina, nasceram Os Gigantes, As Eríneas e as Melíades.
Após a queda de Urano, Cronos subiu ao trono do mundo e libertou os irmãos. Mas vendo o quanto eram poderosos, também os temia e os aprisionou mais uma vez. Gaia, revoltada com o ato de tirania e intolerância do filho, tramou uma nova vingança.
Quando Cronos se casou com Réia e passou a reger todo o universo, Urano lhe anunciou que um de filhos o destronaria. Ele então passou a devorar cada recém nascido por conselhos do pai. Mas Gaia ajudou Réia a salvar o filho que viria a ser Zeus.
Já adulto, Zeus declarou guerra ao pai e aos demais Titãs com a ajuda de Gaia. E durante 10 anos nenhum dos lados chegava ao triunfo. Gaia então foi até Zeus e prometeu que ele venceria e se tornaria rei do universo se descesse ao Tártaro e libertasse os 3 Ciclopes e os 3 Hecatônquiros.
Ouvindo os conselhos de Gaia, Zeus venceu Cronos, com a ajuda dos filhos libertos da Terra e se tornou o novo soberano do Universo. Todavia, Zeus realizou um acordo com os Hecatônquiros para que estes vigiassem os Titãs no fundo do Tártaro. Gaia pela terceira vez se revoltou e lançou mão de todas as suas armas para destronar Zeus.
Num primeiro momento, ela pariu os incontáveis Andróginos, seres com quatro pernas e quatro braços que se ligavam por meio da coluna terminado em duas cabeças, além de possuir os órgãos genitais femininos e masculinos. Os Andróginos surgiam do chão em todos os quadrantes e escalavam o Olimpo com a intenção de destruir Zeus, mas, por conselhos de Têmis, ele e os demais deuses deveriam acertar os Andróginos na coluna, de modo a dividi-los exatamente ao meio. Assim feito, Zeus venceu.
Em uma outra oportunidade, Gaia produziu uma planta que comida poderia dar imortalidade aos Gigantes; todavia a planta necessitava de luz para crescer. Mas ao saber disto Zeus ordenou que Hélios, Selene, Éos e as Estrelas não subissem ao céu, e escondido nos véus de Nix, ele encontrou a planta e a destruiu. Mesmo assim Gaia incitou os Gigantes a colocarem as montanhas umas sobre as outras na intenção de subir o céu e invadir o Olimpo. Mas Zeus e os outros deuses venceram novamente.
Enfim, Gaia cedeu e acordou com Zeus que jamais voltaria a tramar contra seu governo. Dessa forma, ela foi recebida como uma deusa Olímpica.
Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas cultura Indo-Europeias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo.

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