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2 de abr. de 2011

O Sagrado Masculino

Por Anna Leão

Antes de ingressar na Tradição da Deusa e de reconhecer o poder do feminino sagrado eu sentia uma forte desconexão com Deus.
Green ManSim, este Deus que todos são forçados a acreditar porque faz parte de nossa cultura, do Cristianismo etc.; este Deus tão longe, tão distante. Me lembro que eu não conseguia rezar para ele, sempre precisava de um intermediário, um santo, ou anjo da guarda. Não conseguia sentir Deus na minha vida, ou perto de mim.
Ao ingressar no Caminho da Deusa e reconhecê-la como criadora e existência, de imediato eu senti uma grande conexão com a divindade, em mim e no mundo. A Deusa estava perto, presente, em toda parte. Estava não, está!
Fica em minha mente as palavras de uma irmã da Arte que me disse que a grande harmonia está em a mulher se identificar e se conectar com a Deusa, e o homem com o Deus.
Será que era por isto que eu não me conectava com Deus, ou será que isto se dava por eu não ter encontrado até então o meu caminho espiritual, a Antiga Religião? Acho que podem ser as duas respostas. Mas só estas? Não. Tem também a questão da Natureza, que mesmo estando implícita aqui, é sempre bom ressaltar.
Lembro de uma vez, há mais de dez anos, em que eu estava na casa de uma amiga, na serra, e fui até a varanda. Fiquei a contemplar a natureza, e me surpreendi ao sentir tanta vida, tanto preenchimento. Eu via tudo com muita vivacidade, as cores eram mais vivas e eu parecia que fazia parte de tudo aquilo, parecia não, fazia. Fiquei extasiada com aquela experiência. Nesta época eu não tinha nenhuma conexão com a Natureza, mas mesmo assim eu a senti naquele momento, porque eu parei para contemplá-la. Mas depois não me permiti mais a isto. Somente alguns anos mais tarde, retornando ao seio de uma religião pagã, que eu fui me religar novamente à Natureza e sentir a divindade nela e através dela.
Bom, mas vamos voltar ao Deus. Este Deus a quem me refiro, que minha irmã da Arte citou, seria o mesmo Deus do Cristianismo, por exemplo, ou do Judaísmo? Não. O Deus judaico-cristão está sempre longe e distante, em todas as sua versões.
cernnunosO Deus ao qual me refiro neste texto é o Consorte da Deusa. A Ele é muito mais fácil eu me conectar, pois Ele também está presente em Tudo. Ele é a Natureza selvagem, a força fertilizadora, a energia vital que permeia a vida. Ele “simplesmente” é o Sagrado Masculino, a outra polaridade, oposta, e por isto mesmo complementar, da Deusa. E sabemos que para haver criação, para haver vida, para haver harmonia é necessário o equilíbrio das duas polaridades que permeiam a vida, a masculina e a feminina. Bom, é claro que nelas estão contidos uma infinidade de aspectos, simbolismos, características e etc..
Preciso deixar bem claro aqui que o aspecto selvagem do Deus não está ligado à violência como pode parecer (erroneamente) quando usamos a palavra selvagem. Este ser selvagem do Deus é o ser livre, natural e sexual. Esta sexulalidade não é uma sexualidade pervertida ou pornográfica (ambas frutos de repressão). Esta sexualida é saudável, natural e sagrada ( como ela é vista pelas tradições pagãs, pois gera a vida e é uma celebração desta).
Por isto mesmo que o Deus é chamado de Deus Cornífero, pois é representado com chifres que simbolizam a vida natural e selvagem. Pois muitos de seus animais selvagens também o possuem, o alce, o veado, etc. Os chifres também são símbolos do aspecto do feminino, representando a Lua ( a Deusa) em suas fases crescente e minguante, segundo Starhawk, no emocionante capítulo sobre o Deus em seu livro “A Dança Cósmica das Feiticeiras”.
É muito importante alertar aqui, mais uma vez, que foi este Deus vital, inteiro, profundo, amoroso e verdadeiro que foi transformado na figura do Diabo Cristão na Idade Média, com o intuito da repressão sexual e da desintegração das religiões pagãs, que ameaçavam o poder e o status da Igreja - de nenhuma maneira a Antiga Religião cultuava o Diabo (uma invenção da Igreja) ou o mal. A partir daí a Natureza foi esquecida e hoje lutamos desesperadamente para salvá-la.
Aos poucos a Deusa retorna. E com Ela o Deus Cornífero precisa também retornar. Que estejamos também abertos para recebê-Lo, para nos conectarmos com Ele cada vez mais, dentro e fora de nós. Este Sagrado Masculino que cumpre seu ciclo em cada Roda do Ano, que se sacrifica por Nós e principalmente por Ela, a Deusa.Sagrado Masculino
Hoje não precisamos fazer nossos rituais escondidas nas florestas. Não vivemos mais na época em que a mulher era perseguida em sua espiritualidade e por isto precisava esconder suas práticas. Não devemos trazer este ranço de frustrações para a nossa vida e para a nossa espiritualidade. Podemos compartilhas nossos conhecimentos, nossas celebrações com os homens, pois eles também precisam se conectar com o Deus. E se conectando com o Deus, o homem chegará mais perto da Deusa, assim como a mulher conectada com a Deusa, conhecerá também o Deus.
Eu me lembro de quando eu participava de um grupo de Xamanismo e um colega contou-me que fez uma viagem xamânica e entrou em contato com a Deusa nas profundezas da Terra, nas cavernas. Ele me disse o quanto preenchedor foi aquela experiência, que ele nunca havia sentido tanta plenitude, que ele se sentiu inteiro, completo, dentro do interior da Deusa. Eu logo me lembrei das teorias de Freud nas quais ele diz que a mulher se sente incompleta pois não tem o falo, enquanto o homem é completo em si mesmo. Logo pensei o quanto havia de uma cultura extremamente patriarcal naquela interpretação. Diga-se de passagem, uma interpretação para a qual eu nunca dei crédito.
Na Tradição Celta o Deus é conhecido como Deus Cornífero, Cernnunos, Homem Verde (Green Man), Arddhu, Lugh, Herne. Muitas vezes os nomes vão depender de qual aspecto do Deus queremos ressaltar. Isto se vê muito bem na Roda do Ano.

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