Bridge of Wings – Where He Waits
Art by. Stephanie Pui-Mun Law
Antes de falar da Deusa Brigith, quero aqui falar da complexidade existente acerca das deusas Célticas, para ser uma Deusa na antiga tradição celta, a mulher deveria ser Mãe, protetora de seus filhos, preocupada com todos os membros de sua tribo e acima de tudo, ser capaz de ensinar e transmitir sabedoria…
Algo totalmente diferente por exemplo, das Deusas Romanas, Gregas ou Egípcias – as Deusas Celtas são parte integrante da vida comum deles, estão representadas pelos elementos naturais: terra, água, fogo e ar – não são imortais, cometem erros e são humanas…
Brigith também conhecida por Brigith, Bríde, Bridget, Briid é uma Deusa muito popular na Irlanda, cultuada em todos os territórios onde os celtas se instalaram.
A palavra "Brig", em irlandês arcaico, significa força, poder. Segundo, alguns filósofos, tal correlação pode estar por detrás da existência de guerreiros chamados Brigands ou "soldados de Brighid".
Os brigantes eram uma confederação de tribos celtas que se instalou na Armórica (França) Grã-Bretanha e no sul da Irlanda… O nome dessa tribo deriva da Deusa Brigantia, que é aparentemente mais uma variação do nome Brighid. Na Gália, a Deusa Brigindo é outra faceta desta deidade, enquanto que Brigantia é o nome original das cidades de Bragança em Portugal e de La Coruña na Galícia (Espanha).
Mas é na Irlanda que encontramos os mais importantes elementos da Deusa Brigith.
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Brighith, que significa "luminosa"é uma Deusa tríplice do fogo da inspiração, da ferraria, da poesia, da cura e da adivinhação.
As funções atribuídas a ela são triplas, correspondentes às três classes da sociedade indo-europeia:
- Deusa da inspiração e da poesia – Classe Sacerdotal.
- Protetora dos reis e dos guerreiros – Classe Guerreira
- Deusa das técnicas – Classe de artesãos, pastores e agricultores
Brighith pertence a famosa tribo dos Tuatha De Danann, sendo filha de Dagda que é líder e o grande Pai conhecido como o Poderoso do Conhecimento. Ele é o mestre da vida e da morte.
Há diversas lendas acerca de Brigith, em uma delas Brigith é a esposa de Tuireann, com quem teve três filhos (Brian, Iuchar e Iucharba), que posteriormente matam Cían, o pai de Lugh.
Outra lenda nos diz que Brigith tinha como marido Bres, o malfadado líder dos Tuatha De Danann. Dessa união nasce Rúadan, o qual morre em combate na Segunda Batalha de Moytura. Ao encontrá-lo sem vida, ela lamenta sua morte em uma tradição que viria a ser conhecida como "keening” (irlandês-caoineach), e que ainda hoje é preservada nas áreas rurais da Irlanda.
Os "keenings’ eram lamentos emitidos por mulheres face ao falecimento de um membro da família ou da comunidade. Se constituíam em choros pungentes, quase bestiais, descritos por observadores como o som de "um grande número de demônios infernais".
Como Deusa, Brigith esta vinculada com a inspiração e a criatividade – na tradição Britânica dos Druidas ela é conhecida como a "Deusa dos Bardos", por ser quem inspirava os grandes sacerdotes.
Brigith também é considerada a guardiã do "Awen", o sopro de seu pai (Dagda), ou a "consciência da inspiração" a qual poucos tem acesso.
Brigith esta associada a cura e as ervas, por isso é considerada uma bruxa, uma vez que as bruxas sempre possuíram tal conhecimento. Enquanto guerreira, ela afugentava as tropas inimigas de qualquer exército quando era invocada. Os Celtas, antes de suas batalhas lançavam gritos selvagens e ininteligíveis com o propósito de amedrontar os adversários que pensavam estar diante de Brigith.
Lady Gregogy, em "Gods an Fighting Men", diz dela:
" Brigith… Era uma poeta, e os poetas a adoravam, pois seu domínio era muito grande e muito nobre. E, era assim mesmo, uma curadora, e realiza trabalhos de ferreiro. Foi ela quem deu o primeiro assobio para chamar-se uns aos outros no meio da noite. Um lado de seu rosto era feio, porém o outro muito belo. E, o significado de seu nome era Breo-saighit: “flecha de fogo".
Seus símbolos são a haste e a roca de fiar, a chama sagrada, a espiral, o triskle, o torc, o pote de fogo e seus sapatos de latão.
No ano de 450, Brigith foi transformada em Santa Brígida pelo cristianismo que não conseguia impedir o culto a Deusa pagã. A biografia dessa santa foi escrita por Cogitosus – que credita a data da morte da santa cristã ao dia 01 de fevereiro, data está em que era comemorado o Festival do Fogo em homenagem a Deusa pagã.
A história da Santa Brigida é na verdade cheia de contradições, uma vez que boa parte de sua biografia é baseada na história da Deusa e alguns elementos que são facilmente compreendidos a partir do paganismo, torna-se estranhos para os fundamentos cristão…
Texto e fonte: Sacerdotisa Lu Guedes; www.meninanosotao.wordpress.com
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