Por Daniel Silva (2008); fonte: Templo do Conhecimento
Amon tornou-se uma divindade reconhecida fora de sua cidade natal, Tebas, em meados do 20° século antes de Cristo. Sua ascensão veio numa época difícil, repleta de conflitos políticos e militares externos e internos. Não foi sequer a primeira deidade a sair de Tebas, tendo montu, o Deus da guerra regional assumido os Faraós do final da 11ª dinastia. Amon veio a proteger um jovem Príncipe, de nome Amenemhat, ascende ao trono. A adoração do jovem príncipe pela deidade fica patente em seu nome: “Amon é Supremo”, e durante seu longo reinado a adoração a Amon não cessou de crescer. Mesmo habitando na junção do delta do Nilo com o vale do rio Nilo, a cidade de Mênfis (ou Mennofer), o príncipe incentivou a construção de Templos, e deu poderes cada vez maiores ao Clero de Amon, chegando a fazer frente a diversos governadores que poderiam romper a ordem, e desafiar o Faraó (resquícios perturbadores do 1° período intermediário). De fato, em seu longo reinado (1991 – 1962 a.C.) foi pontuado por conquistas militares, inclusive de parte da Núbia. A sua popularidade, daí em diante, não parou de crescer, seja pelo mistério como deidade do oculto, ou como senhor do vento que sopra, que é a sua voz. Segundo registros, o Faraó morreu assassinado, mas sua obra em propagar o culto a Amon estava completa, a ponto de sua popularidade iniciar um lento processo de fusão de Amon com Rá, que só veio a se completar séculos depois.
Apesar dos sucessores de Amenemhat I a principio se colocarem sobre a proteção de outros Deuses, Amon ainda era uma divindade poderosa, e a prova disso é que o bisneto deste e seus descentes usaram o mesmo nome em glória a Amon (Amenemhat II e III). Com o segundo período intermediário, e a transferência da capital para Tebas, seu poder alcançou o apogeu com a construção do grandioso complexo Luxor-Karnak, sob Amenhotep I donde o Deus entronizou-se como divindade nacional, Deus dos Deuses. A sua adoração foi á adoração do Novo Império, com riquezas e esplendor, e com um clero que podia derrubar dinastias como a como no caso de Akhenaton. Seus animas sagrados eram o Carneiro de chifres recurvados, e o ganso, esse último pouco utilizado. Mas sua representação mais curiosa e usada era a de um homem trajado como um Faraó, com lendários olhos verdes, formados por duas grandes Esmeraldas.
Talvez o aspecto mais secreto e curioso de Amon seja a sia, a intuição divina, um dom tido pelo rei das duas terras, que permitia ao Faraó ter um sexto sentido a respeito de seus atos e daqueles que o cercavam. Amon era quem concedia(ou não) esse dom.
É difícil, até impossível marcar o “fim” da divindade Amon. Sabe-se que até o renascimento Saíta foi cultuado, mas jamais como um dia fora. Tal como em 2.000 a. C., o Egito precisava de divindades que pudessem ser sincretizadas com os deuses de seus invasores. Amon era a divindade suprema, que reinou sobre povos inteiros na Ásia, e como identificá-la dessa forma? Registros do Império Meróitico (situado no sul da Núbia) mostram que seus reis tinham certo respeito por Amon, e os imperadores Persas tivessem continuado a se intitularem Faraós do Egito e Filhos de Amon e Rá, esse era apenas mais um dentre os diversos títulos. Mas nem todos foram assim, a exemplo dos conquistadores gregos, que esqueceram dos antigos deuses do povo, venerando ou invés deles Divindades Gregas sincretizadas, tais como Serapis, Thot e Isis. Tebas ainda existia, mas não tinha como se manter, e os templos caiam diante dos olhos do clero. Talvez no fim, em Philae, algum sacerdote solitário ainda se lembrasse de Amon, e orasse para esse Deus, e recordasse dos mistérios de Karnak e Luxor. Mas era tarde demais.
A época de Amon já passara.
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