Por Daniel Silva (2006), fonte: Templo do Conhecimento
Ísis talvez tenha sido a deusa mais venerada do mundo antigo. Ainda que Hera/Juno fosse rainha do Olimpo, e que as três deusas fossem rainhas entre os povos Célticos, nenhuma delas chegou a ter a área de abrangência de Ísis, que era venerada desde Philae, no extremo sul do Egito, até as ilhas Britânicas.
Seu culto sempre foi muito popular no Egito, tanto pela sua fidelidade conjugal a Osíris, por quem luta, pena e enfrenta perigos quanto pelo seu papel de mãe extremosa preocupada com Hórus, clamando às diversas divindades que o venham ajudar. Sem esquecer seu lado mais conspirador, como líder do partido anti-Seth, que reúne as poderosas divindades Thot e Anúbis, além de outras tantas. Mas seu lado mais importante talvez seja o de grande maga e senhora dos sortilégios, através do qual roubou o nome secreto de Rá, e ressuscitou seu marido. Foi ela a sábia conselheira de Osíris, que o ajudou a civilizar as duas terras, e que ensina o povo do Egito, até então selvagem, a costurar, fazer o pão, e introduz conceitos como o do casamento, ensina o uso de remédios e sortilégios para afastar animais daninhos. assim como foi a governante das duas terras na ausência de seu marido, uma figura de peso na política divina. Por ter tantas faces, e um culto instigante repleto de segredos sua adoração se espalhou pelo mundo antigo. Seu símbolo era o trono, pois se dizia que tinha poder sobre ele, e era identificada como “grande mulher por traz do grande homem”. Sua influência velada, e sua popularidade lhe valeram um grande período de adoração, desde meados do terceiro milênio antes de cristo até meados da alta idade média. Foi muito identificada com Deméter, pois se dizia que seus mistérios eram parecidos, afinal como esposa de Osíris era de certa forma a Natureza, mãe de todos os seres vivos, e Deméter era a mesma coisa, tanto como deusa das colheitas quanto como mãe. Seu culto foi especialmente comum durante o período ptolomaico, e fugindo a regra geral não foi esquecido ou destruído pelos romanos, datando dessa época a expansão desse culto pelo mundo, sempre sútil, mas poderosa. No Egito a superiora de suas sacerdotisas era a Grande esposa do Faraó, através da qual Ísis governava o Egito, fazendo suas bênçãos benfazejas cobrir o mundo. Também à grande esposa era ofertado o título de grande maga, ou seja, de principal artífice do oculto junto ao Faraó e a seus filhos, a quem defendia usando de sua Magia.
O apelo de Ísis para as mulheres sempre foi grande, muito devido a seu aspecto mais “doméstico” mas mais ainda pelo seu aspecto de Rainha e Maga, que muito atraia as mulheres ambiciosas, inclusive as da corte. Talvez o maior exemplo disso seja Cleópatra VII, que influenciou tanto a política romana, a ter a alcunha de “filha de Ísis”.
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